Montagem com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e a atual vice-presidente, Kamala Harris (AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 6 de janeiro de 2025 às 10h30.
O Congresso dos Estados Unidos realiza nesta segunda-feira, 6, a certificação da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais. Curiosamente, a cerimônia será presidida por Kamala Harris, sua rival na disputa, que comanda o Senado.
No país, a vice-presidente acumula o cargo de presidente do Senado. Kamala perdeu a eleição para Trump e aceitou o resultado. O republicano somou 312 delegados, ante 226 da rival.
Nos Estados Unidos, a eleição é indireta. Assim, o presidente é escolhido pelo Colégio Eleitoral. Cada estado possui um determinado número de delegados, que emitem seus votos, com base no voto popular. O candidato presidencial mais votado em cada estado conquista todos os votos daquele estado, na maioria dos casos.
Após a eleição, os delegados enviam seus votos, em papel, para o Congresso, que faz a certificação e a contagem dos votos no dia 6 de janeiro, em uma sessão conjunta da Câmara e do Senado. A posse do novo presidente está marcada para 20 de janeiro.
A cerimônia está prevista para começar às 13h na hora local (15h em Brasília). Trump não deve comparecer ao evento no Congresso. Geralmente, os presidentes eleitos não participam da certificação.
O rito de confirmação era uma mera formalidade, mas passou a ser uma data importante depois que apoiadores de Trump invadiram o Capitólio para tentar impedir a confirmação da vitória de Joe Biden, em 2021.
Para evitar novas cenas de tensão, a segurança foi reforçada em Washington nesta segunda-feira. O Congresso foi cercado com grades e barreiras altas. No entanto, a expectativa é que seja um dia tranquilo. Não há manifestações previstas, seja de apoiadores democratas ou republicanos, e a cidade está no meio de uma tempestade de neve, que suspendeu aulas e o trabalho em escritórios da cidade.
Em 2021, Trump, que não aceitou a derrota nas urnas para Joe Biden, quis forçar os parlamentares a rejeitarem o resultado das urnas e declararem que ele havia vencido. Ele tentou convencer inclusive seu vice, Mike Pence, a declará-lo vencedor e ignorar votos a favor de Joe Biden. Pence, no entanto, não tinha esse poder e não concordou com o plano.
Horas antes da cerimônia de certificação, Trump fez um comício no jardim da Casa Branca, no qual pediu a seus apoiadores que "lutassem pra valer". Em seguida, uma multidão de apoiadores dele andou até o Congresso, que fica a cerca de 2 km da Casa Branca, e invadiu o Congresso, para tentar impedir a certificação. A sessão foi interrompida e os parlamentares foram levados para locais seguros. Enquanto isso, houve confronto entre a polícia e os manifestantes. Cinco pessoas morreram. Os danos ao Congresso somaram US$ 2,8 milhões, segundo o Departamento de Justiça.
Após algumas horas, a polícia conseguiu expulsar todos os manifestantes. Durante o ataque, Trump permaneceu calado e demorou cerca de três horas para se pronunciar e pedir que os ativistas parassem. A sessão foi retomada de noite, e confirmou a vitória de Biden como presidente.
Em seguida, Trump foi alvo de um processo de impeachment, por tentar reverter o resultado das urnas. Ele foi inocentado no Senado, com apoio da maioria republicana no Senado. Além disso, o FBI fez uma ampla investigação para prender os envolvidos no ataque. Nos meses seguintes, cerca de 1.200 pessoas foram presas.
Trump prometeu, na campanha de 2024, anistiar os envolvidos em 6 de janeiro. Ele chamou os invasores de "grandes patriotas", "presos políticos" e "reféns". O republicano nunca assumiu a derrota de 2020 e, em sua visão, seus ativistas estavam apenas lutando pelo que acreditavam.