Joe Biden e a reconquista da Turquia
Todo o carisma político do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai ser posto à prova hoje. Biden chega à Turquia para se encontrar com o presidente Recep Tayyip Erdogan, que leva a cabo uma violenta repressão a um frustrado golpe militar que colocou turcos e americanos em rota de colisão. Erdogan e membros de […]
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2016 às 21h47.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h01.
Todo o carisma político do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai ser posto à prova hoje. Biden chega à Turquia para se encontrar com o presidente Recep Tayyip Erdogan, que leva a cabo uma violenta repressão a um frustrado golpe militar que colocou turcos e americanos em rota de colisão.
Erdogan e membros de seu governo acusam o clérigo muçulmano Fethullah Gulen, exilado na Pensilvânia, nos Estados Unidos, de orquestrar o golpe. A relação entre os dois países estremeceu desde que Erdogan ordenou que os americanos deportassem o sacerdote. Só ontem o Departamento de Estado americano confirmou que recebeu documentos da Turquia formalizando o pedido. A demora irritou o governo Erdogan: o primeiro ministro turco, Binali Yildirim, chegou a dizer que uma demora ainda mais longa levaria a Turquia a questionar a amizade com os americanos.
Biden tem outras preocupações em vista. A começar por violações aos direitos humanos — cerca de 40.000 pessoas foram detidas e mais de 80.000 foram demitidas de empregos em cargos públicos na polícia, exército e poder judiciário.
O impasse internacional também tem outras questões no tabuleiro. Erdogan deve procurar em Biden a afirmação de que os Estados Unidos não irão dar apoio a tropas Curdas para capturar a fronteira da Turquia com a Síria, controlada pelo Estado Islâmico. No começo do mês, Erdogan foi à Rússia para um encontro de reaproximação com Vladimir Putin . Uma mudança na política internacional turca é uma preocupação nos Estados Unidos, já que o país é também membro da OTAN e um território estratégico na luta contra o EI.
Cientistas políticos acreditam que Biden, com sua postura amistosa, é a melhor pessoa para o governo dos Estados Unidos enviar nessa situação. Ao vice, cabe ainda outra missão: desarmar outro foco de tensão a 70 dias das eleições e facilitar o caminho para a democrata Hillary Clinton. Haja carisma.