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Javier Milei eleito na Argentina: quais são as propostas do ultraliberal para a economia?

O ultraliberal, de 53 anos, assumirá um país em severa crise econômica, com 40% de sua população na pobreza e uma inflação anual de três dígitos

Milei eleito: dolarização da economia argentina é uma das principais promessas do libertário ( LUIS ROBAYO/AFP/Getty Images)
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 19 de novembro de 2023 às 21h29.

Última atualização em 20 de novembro de 2023 às 06h22.

O ultraliberal Javier Milei foi eleito presidente da Argentina neste domingo, 19, após disputa com o atual ministro e peronista, Sergio Massa. Com 96% das urnas apuradas, Milei tem 55,77% contra 44,22%, de Sergio Massa.

Milei, de 53 anos, assumiráum país em severa crise econômica, com40% de sua população na pobreza e uma inflação anual de três dígitos. Entre as principais propostas do ultraliberal para economia está a diminuição do Estado e a dolarização da economia para reconstruir o país.

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Plano de Javier Milei para a economia da Argentina

Milei promete recuperar a Argentina com um plano radical na economia: o fim do Banco Central argentino e a dolarização total da economia do país. Os eixos do plano de governo divulgado pelo partido La Libertad Avanza coloca como princípiosa reforma econômica, a redução das despesas do Estado, a flexibilização do mercado de trabalho, setor comercial e financeiro e a privatização de empresas públicas.

O ultraliberal afirma que, se eleito, realizará um corte significativo das despesas públicas do país, com uma redução de número de ministérios e uma diminuição gradual de benefícios sociais. Hoje, a Argentina tem subsídios a transportes, tarifas públicas e programas de distribuição de renda.

No campo fiscal, Milei promete acabar ou reduzir impostos, principalmente de exportação. A medida agrada o agronegócio argentino — que representa 20% do PIB do país — e paga altos impostos de exportação. Outras promessas do ultraliberal que agradam o setor são o fim das exigências de abastecimento doméstico, com isso os agricultores poderão vender seus produtos para quem quiser, e o fim de controles cambiais.

Em seu último ato de campanha, em clara moderação de discurso, Milei prometeu não acabar com políticas públicas, como a privatização dos serviços de saúde e educação. "Não vamos privatizar a saúde, não vamos privatizar a educação, não vamos privatizar o futebol, não vamos reformar o INCUCAI (órgão responsável pela política de doação e transplante de órgãos), não vamos permitir o porte irrestrito de armas", disse.

Ao analisar as propostas do ultraliberal,Inhasz, do Insper, afirma que cortar as despesas públicas pode resolver o problema fiscal e melhorar a credibilidade, mas ressalva que o fim do banco central e a dolarização podem trazer problemas para o país.

"Adolarização da economia da Argentina pode ser um problema. Primeiro porque o país não tem dólar suficiente para fazer uma reserva toda sólida. Sem isso, a economia pode sofrer com ataques, inclusive especulativos. Além disso, se o dólar for referência, o produto argentino pode ficar mais caro para o resto do mundo de acordo com a valorização dessa moeda", explica. "E o fim do Banco Central pode causar problema, porque a política monetária é uma grande aliada para busca do equilibro fiscal. Com a economia dolarizada e sem o BC, ele pode perder a chance de fazer política monetária", conclui.

Como está a economia da Argentina?

A inflação, um dos principais problemas da Argentina, chegou a 142% nos últimos 12 meses em outubro, mesmo com o recuo mensal. Projeções apontam que o déficit fiscal do país em 2023 seráde mais de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) — o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) era que rombo nas contas públicas fosse de apenas 1,9% neste ano.

As projeções indicam ainda uma economia em contração. No segundo trimestre de 2023, o PIB argentino encolheu 2,8% em relação ao trimestre anterior — e caiu 4,9% na comparação anual. A FMI estima que o PIB argentino terá retração de 2,5% neste ano.

No câmbio, o governo desvalorizou o peso e elevou o câmbio oficial em 22%, com cada dólar sendo vendido por 365 pesos na cotação. A moeda paralela, batizada de dólar blue, chegou a custar mais de 1.000 pesos no começo de outubro. Com essa defasagem em relação ao câmbio oficial e o paralelo, economistas esperam que na segunda, independente do resultado, o governo reveja o valor do dólar oficial.

Para agravar a situação fiscal, Massa, candidato-ministro, lançou um planoeconômico-eleitoral para vencer Milei. As ações foram do congelamento do preço dos combustíveis até a redução do imposto de renda sobre o salário para quase toda população da Argentina. Segundo estimativa da Bloomberg, a medida pode custarquase 1% do PIB argentino.

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