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Javier Milei diz que levará até 2 anos para controlar inflação e reafirma plano de fechar BC

Presidente eleito afirmou ainda que não deve retirar restrições à compra de dólares de imediato

Javier Milei, novo presidente da Argentina eleito neste domingo, 19 (Luis Robayo/AFP)

Javier Milei, novo presidente da Argentina eleito neste domingo, 19 (Luis Robayo/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 20 de novembro de 2023 às 08h44.

Javier Milei, presidente eleito da Argentina, disse na manhã desta segunda, 20, que levará tempo para conseguir conter a alta inflação no país e para fazer mudanças nas regras cambiais.

"Se você cortar hoje a emissão monetária, demora entre 18 e 24 meses para levar [a inflação] aos níveis mais baixos internacionais", disse Milei, em entrevista à rádio Continental. Em outubro, a taxa de inflação em 12 meses superou 140%, maior número desde os anos 1990.

Sobre as medidas de restrição à compra de dólares, apelidadas de "cepo", Milei disse que elas devem seguir por mais algum tempo. "Antes de abrir o cepo, tem que resolver o problema das Leliqs. Vamos a tratar de fazê-lo o mais rápido possíveil, porque se não a sombra da hiperinflação vai estar em todo o momento", disse.

As Leliqs são títulos do Banco Central, usados para retirar pesos da economia, e que se tornaram um problema na Argentina, pois aumentaram em muito a dívida do governo.

Milei reafirmou que pretende acabar com o Banco Central e dolarizar a economia. "Fechar o Banco Central é uma obrigação moral. Dolarizar é para se tirar de cima do Banco Central. Propomos que a moeda seja a que os indivíduos escolham", afirmou. O novo presidente defende abandonar o peso, e liberar as regras da economia para que qualquer moeda possa ser utilizada nas transações.

O primeiro dia de Milei como presidente eleito

Nesta segunda, 20, Milei terá uma reunião com o atual presidente, Alberto Fernández, para começar a tratar da transição. O encontro está previsto para o meio-dia.

O mercado financeiro está fechado na Argentina nesta segunda, por ser um feriado nacional. Assim, os efeitos da eleição no setor devem ser ficar mais claros só na terça-feira, 21.

Massa fica ou sai do governo?

Uma das grandes questões desta segunda é se Sergio Massa, derrotado nas urnas por Milei, deixará o cargo de ministro da Economia de forma imediata ou se fica na função até a posse do rival, em 10 de dezembro.

Em seu discurso de derrota, no domingo, Massa disse que a responsabilidade sobre a economia caberia ao presidente eleito "a partir de amanhã", o que foi interpretado como um possível sinal de renúncia.

Segundo o jornal Clarín, Massa deve decidir o que fazer após a reunião entre Milei e Fernández. Na entrevista à rádio, o novo presidente defendeu que Massa fique até a transição. "Seria uma irresponsabilidade Massa se retirar, depois do desastre que fez", afirmou.

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