Mar do Sul da China: Estados Unidos realizam patrulhas aéreas e navais frequentes para garantir a liberdade de navegação (China Photos/Getty Images)
Reuters
Publicado em 13 de março de 2017 às 09h22.
Tóquio - O Japão planeja enviar o maior navio de guerra do país para percorrer o Mar do Sul da China durante três meses a partir de maio, disseram três fontes, na maior demonstração japonesa de poderio naval na região desde a Segunda Guerra Mundial.
A China reivindica a maior parte das águas disputadas do Mar do Sul da China, e sua presença militar crescente vem causando preocupação no Japão e no Ocidente. Os Estados Unidos realizam patrulhas aéreas e navais frequentes para garantir a liberdade de navegação.
O porta-helicópteros Izumo, em uso só há dois anos, fará paradas em Cingapura, Indonésia, Filipinas e Sri Lanka antes de participar do exercício naval conjunto Malabar com embarcações da Índia e dos EUA no oceano Índico, em julho.
A embarcação irá voltar para casa em agosto, segundo as fontes.
"O objetivo é testar a capacidade do Izumo enviando-o para uma missão prolongada", disse uma das fontes a par do plano. "Ele irá treinar com a Marinha dos EUA no Mar do Sul da China", acrescentou, pedindo para não ser identificada por não ter autorização para falar com a mídia.
O porta-voz da Força Marítima de Autodefesa do Japão não quis comentar.
Taiwan, Malásia, Vietnã, Filipinas e Brunei também reivindicam partes do mar, que tem grandes áreas de pesca e reservas de petróleo e gás, e através do qual cerca de 4 trilhões de dólares de mercadorias circulam todos os anos com destinos em todo o mundo.
O Japão não reivindica a rota, mas tem uma disputa marítima com a China no Mar do Leste da China.
Tóquio quer convidar o presidente filipino, Rodrigo Duterte, que fortaleceu os laços com a China nos últimos meses por repudiar a antiga aliança com os norte-americanos, para visitar o Izumo quando este aportar na Baía Subic, cerca de 100 quilômetros a oeste de Manila, disse outra das fontes.
A operação militar japonesa acontece no momento em que o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, parece estar adotando uma postura mais severa com Pequim. Washington criticou a construção chinesa de ilhas artificiais e uma escalada de instalações militares que teme serem usadas para restringir a liberdade de circulação.
Em janeiro Pequim disse ter a soberania "irrefutável" das ilhas em disputa depois de a Casa Branca prometer defender "territórios internacionais".
Nos últimos anos o Japão vem ampliando os limites de sua constituição pacifista do pós-guerra, especialmente no governo do atual primeiro-ministro, Shinzo Abe.