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Israel mantém bombardeio no sul de Gaza, apesar do anúncio do fim da fase 'intensiva' dos combates

Na segunda-feira, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, garantiu que a fase intensiva da guerra no sul da Faixa "terminará em breve" e o Exército anunciou a retirada de uma das suas quatro divisões

Na fronteira entre Israel e o Líbano, onde ocorrem confrontos diários, o Exército israelense anunciou durante a noite que lançou novos bombardeios contra posições do Hezbollah (AFP/AFP)

Na fronteira entre Israel e o Líbano, onde ocorrem confrontos diários, o Exército israelense anunciou durante a noite que lançou novos bombardeios contra posições do Hezbollah (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 16 de janeiro de 2024 às 12h22.

O Exército israelense continuou bombardeando o sul da Faixa de Gaza nesta terça-feira, 16, apesar de ter anunciado ontem o fim da fase "intensiva" dos combates nesta região contra o movimento islamista palestino Hamas.

Um jornalista da AFP ouviu explosões e disparos no sul do território palestino na manhã desta terça-feira.

Durante a noite, o Exército israelense anunciou que bombardeou Khan Yunis, onde as operações se concentraram nas últimas semanas, assim como instalações de lançamento de foguetes em Beit Lahia, no norte, e informou que "dezenas de terroristas" morreram.

Enquanto isso, vários foguetes lançados de Gaza atingiram o sul de Israel sem causar feridos, segundo as autoridades israelenses, e a maioria foi interceptada pelo sistema de defesa Cúpula de Ferro sobre a cidade de Ofakim, segundo imagens da AFPTV.

Ataques do Hamas e de Israel assolam Faixa de Gaza

A guerra foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro no sul de Israel, que deixou cerca de 1.140 mortos do lado israelense, a maioria deles civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.

Cerca de 250 pessoas foram feitas reféns e 132 permanecem em Gaza, das quais pelo menos 25 morreram, segundo as autoridades de Israel. Cerca de cem pessoas foram libertadas durante uma trégua em novembro.

Em retaliação ao ataque de 7 de outubro, Israel prometeu aniquilar o Hamas, que governa desde 2007 em Gaza, onde morreram até agora 24.285 pessoas, a grande maioria mulheres, crianças e adolescentes, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do movimento islamista.

O Exército israelense reportou a morte de dois soldados, elevando para 190 o número de militares mortos desde o início da operação terrestre em Gaza, em 27 de outubro.

Na segunda-feira, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, garantiu que a fase intensiva da guerra no sul da Faixa "terminará em breve" e o Exército anunciou a retirada de uma das suas quatro divisões.

Por outro lado, o governo israelense garante que a guerra será longa e aprovou, na segunda-feira, um aumento do orçamento para 2024 de 15 bilhões de dólares (73,1 bilhões de reais na cotação atual) para continuar as operações.

'Sofrimento e humilhação'

O Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia, anunciou na segunda-feira a morte de dois reféns israelenses, com um vídeo em que também aparece uma jovem cativa.

O braço armado do Hamas atribuiu essas mortes aos bombardeios "sionistas" e o Exército israelense rejeitou essas acusações, chamando-as de "mentiras".

Na Faixa de Gaza, onde 1,9 milhão de pessoas foram deslocadas pelo conflito, segundo a ONU, a população carece de tudo e agora enfrenta o frio.

O Ministério da Saúde palestino do Hamas pediu medicamentos para pacientes crônicos e afirma que 350 mil estão privados de tratamento.

"A morte seria preferível a esta vida de sofrimento e humilhação", lamentou Abdul Karim Muhamad, um palestino de trinta anos que se refugiou em Rafah, perto da fronteira egípcia, com os seus três filhos. "Queremos voltar para casa, para o norte", disse ele, embora saiba que sua casa foi destruída.

A guerra agrava as tensões no Oriente Médio entre Israel e os seus aliados, liderados pelos Estados Unidos, contra o chamado "eixo de resistência", liderado pelo Irã, que reúne movimentos armados como o Hamas, o Hezbollah no Líbano e os rebeldes huthis no Iêmen.

Nesta terça-feira, a Guarda Revolucionária iraniana, o Exército ideológico do Irã, anunciou ter disparado mísseis balísticos contra a Síria e também perto de Erbil, no Curdistão iraquiano.

O objetivo era, segundo a agência oficial iraniana Irna, destruir um suposto centro de espionagem israelense, cuja existência foi negada por um alto responsável iraquiano.

O governo do Iraque, aliado do Irã mas também parceiro dos Estados Unidos, condenou uma "agressão" à sua soberania e convocou o seu embaixador em Teerã para consultas.

Outra área de tensão é o Mar Vermelho, onde um navio graneleiro grego foi atingido por um míssil, anunciou nesta terça-feira a Ambrey, empresa privada especializada em riscos marítimos.

Os rebeldes huthis, que controlam grandes territórios no Iêmen, multiplicaram os ataques no Mar Vermelho nas últimas semanas contra navios que consideram ligados a Israel.

Na fronteira entre Israel e o Líbano, onde ocorrem confrontos diários, o Exército israelense anunciou durante a noite que lançou novos bombardeios contra posições do Hezbollah.

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