Israel ironiza condenação da ONU sobre condenação de soldado
Porta-voz da ONU afirmou que a pena ao soldado é "inaceitável" e faz parte da "longa cultura da impunidade" que reina em Israel
EFE
Publicado em 24 de fevereiro de 2017 às 12h43.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 12h53.
Jerusalém - Israel ironizou a condenação feita pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos em relação à sentença de 18 meses de prisão para um soldado que matou um palestino que estava caído no chão e rendido no ano passado.
"Essa é uma nova prova da deformação moral que reina no Conselho de Direitos Humanos. É mais um conselho de ódio a Israel do que de direitos humanos", disse o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman.
Lieberman reagiu às declarações de Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, que afirmou que a pena ao soldado é "inaceitável" e faz parte da "longa cultura da impunidade" que reina em Israel.
"Que tenha havido o julgamento e uma sentença é muito mais do que tínhamos visto até o momento, mas o fato dele ter sido condenado a apenas 18 meses após ter cometido uma violação dos direitos humanos de tais características é inaceitável", disse a porta-voz.
As declarações provocaram uma onda de críticas em Israel. O caso já tinha dividido o país. Nacionalistas consideravam que o soldado Elor Azarie tinha agido corretamente contra um "terrorista palestino", enquanto os progressistas exigiam que os direitos humanos fossem respeitados em qualquer caso e circunstância.
O debate provocou inclusive enfrentamento entre os ministros mais direitistas do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e altos comandantes do Exército, que pediram que os valores morais da instituição fossem preservadores durante o julgamento.
Liberman disse que a ONU tem Israel na mira e questionou o fato de o órgão internacional considerar uma bala disparada contra um terrorista como mais importante que as milhões de balas que matam inocentes na Síria, Iraque e Iêmen.
O ministro de Transporte de Israel, Yisrael Katz, citou os "massacres e torturas" nos países do norte da África e do Oriente Médio para criticar o Alto Comissariado pela falta de condenações.
Já o ministro da Educação, Naftali Bennett, ridicularizou a condenação pelo Twitter. "Realmente, não poderíamos viver sem o comentário deles sobre o tema".