Israel envia mensagens de texto a palestinos oferecendo recompensas por informações sobre reféns
Oferta é divulgada em meio às negociações para um novo cessar-fogo, que visa a troca entre cativos e prisioneiros palestinos; pelo menos 132 pessoas ainda permanecem no enclave palestino
Agência de notícias
Publicado em 19 de fevereiro de 2024 às 11h20.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2024 às 11h29.
Em meio às tratativas para um novo cessar-fogo, palestinos na Faixa de Gaza têm recebido mensagens de texto que oferecem recompensas em dinheiro em troca de informações sobre reféns mantidos no enclave palestino, informou o jornal Times of Israel. Segundo o Ynet, as mensagens têm sido enviadas pelas Forças Armadas israelenses . Mais de 240 pessoas foram sequestradas durante o ataque terrorista contra o Estado judeu em 7 de outubro pelo Hamas e outros grupos palestinos.
Segundo o Times of Israel, a mensagem diz: "Você está interessado em um futuro melhor para a sua família e em uma bela recompensa financeira? Você tem informações sobre os reféns ou sobre quem os está mantendo em cativeiro? Não hesite em entrar em contato conosco pelo número a seguir." O conteúdo teria sido compartilhado nas redes sociais palestinas. As mensagens teriam ainda links para outros canais de contato e um link com a imagens dos reféns.
Estratégias na guerra
Esta não é a primeira vez que os militares de Israel ofereceram recompensas por informações sobre os reféns em Gaza. Em outubro do ano passado, cerca de duas semanas após o ataque terrorista do Hamas contra Israel, as forças do Estado judeu lançaram panfletos no enclave palestino, oferecendo proteção e recompensa para aqueles que os contactassem com informações sobre os cativos. Segundo o jornal The Guardian, muitos rasgaram o papel imediatamente, já que a oferta poderia levantar incerteza do grupo palestino sobre quem aceitou ou não a proposta.
Nesta segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Catar — um dos principais mediadores do conflito no Oriente Médio — acusou Israel de tentar “prolongar a guerra” após o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, exigir que Doha pressionasse o Hamas para libertar os reféns que ainda seguem cativos na Faixa de Gaza. Em um comunicado no X, Majed al-Ansari disse que "as recentes declarações do primeiro-ministro israelense apelando ao Catar para pressionar o Hamas a libertar os reféns nada mais são do que uma nova tentativa de encalhar e prolongar a guerra por razões que se tornaram óbvias para todos".
Al-Ansari reagiu depois que, de acordo com a mídia israelense, Netanyahu advertiu que "ninguém mais" além do Catar poderia pressionar o Hamas, já que Doha abriga o escritório político do grupo. A esse respeito, o porta-voz lembrou que o seu país "está comprometido desde o primeiro dia com os esforços de mediação" para interromper a guerra e libertar os reféns, afirmando que "a mediação é o único método eficaz para garantir o retorno dos reféns, a redução da tensão e a proteção da segurança regional". No fim de janeiro, o Catar acusou Netanyahude obstruir novas negociações de cessar-fogoe libertação de reféns com o grupo fundamentalista islâmico para ganhos políticos pessoais.
O Hamas e outros grupos terroristas aliados, como a Jihad Islâmica, sequestraram 250 pessoas durante o ataque de 7 de outubro do ano passado, segundo o balanço de autoridades de Israel. Desse total, estima-se que 132 ainda estejam em cativeiros do movimento palestino que governa a Faixa de Gaza e de outros extremistas. Em novembro, no último acordo entre as partes, mediado pelos EUA, Egito e Catar, 110 cativos foram libertados em troca de 240 palestinos detidos em prisões israelenses.
No domingo, o primeiro-ministro do Catar afirmou que as conversações entre Israel e o Hamas para chegar a um acordo de cessar-fogo no conflito foram "pouco promissoras" nos últimos dias, embora Doha siga "otimista". No mesmo dia, o ministro israelense Benny Gantz, membro do gabinete de guerra, também afirmou que o Estado judeu lançará a ofensiva anunciada contra o Hamas em março, inclusive em Rafah, se o grupo não libertar os reféns até o início do Ramadã, que terá início no próximo dia 10. (Com El País )