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Israel descarta incursão terrestre no Líbano e estabelece metas na ofensiva contra o Hezbollah

Tanto o Estado judeu quanto o grupo xiita falam em uma 'nova fase' da guerra; forças israelenses dizem estar focadas na campanha aérea contra o território libanês

Ondas de fumaça saem do local de um ataque aéreo israelense na vila libanesa de Jibal el Botm, perto da fronteira Líbano-Israel, em 23 de setembro de 2024. Os militares israelenses, em 23 de setembro, disseram às pessoas no Líbano para se afastarem dos alvos do Hezbollah e prometeram para realizar ataques mais "extensos e precisos" contra o grupo apoiado pelo Irã (Kawnat HAJU/AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 23 de setembro de 2024 às 10h31.

Última atualização em 23 de setembro de 2024 às 11h32.

Uma onda inédita de bombardeios israelense no Líbano matou, em poucas horas nesta segunda-feira, 23, mais de 100 pessoas, incluindo um número indeterminado de crianças, mulheres e trabalhadores de saúde, segundo oMinistério da Saúde libanês. Em apenas um dia, o número de vítimas passou a ser o equivalente à média de mortes registradas no país a cada dois meses desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023. Tanto o Estado judeu quanto o grupo xiita Hezbollah já falam em uma “nova fase” do conflito, mas as forças israelenses descartaram uma invasão terrestre no território libanês por enquanto.

Segundo um alto oficial militar israelense, as Forças Armadas de Israel estão “atualmente focando apenas na campanha aérea”. Durante uma entrevista coletiva, ele delineou três objetivos militares da ofensiva atual: o primeiro seria reduzir a capacidade do Hezbollah de disparar foguetes sobre a fronteira, como tem feito desde 8 de outubro (um dia após o ataque do grupo terrorista Hamas a Israel), além de afastar seus combatentes da fronteira entre Líbano e Israel.

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O terceiro objetivo, continuou, é destruir a infraestrutura que foi construída pela força de elite do grupo xiita – as forças Radwan – que, de acordo com o oficial, seriam usadas para atacar “comunidades israelenses no norte; para massacrar, assassinar e sequestrar civis”. O principal porta-voz militar de Israel, Daniel Hagari, reiterou os objetivos da guerra em Gaza declarados pelo premier Benjamin Netanyahu, incluindo a eliminação do Hamas e o retorno dos reféns mantidos no enclave. Ele acrescentou, contudo, uma nova meta oficial: trazer de volta às suas casas os mais de 60 mil israelenses que tiveram que sair da área da fronteira norte, publicou a rede britânica BBC.

Há quase o dobro desse número de pessoas no lado libanês que também tiveram que deixar suas casas, à medida que as forças aéreas israelenses estão atacando a área. Esse esforço aéreo vai continuar, disse o porta-voz, incentivando o afastamento de civis do Líbano das posições do grupo xiita. “Se vocês estão em um prédio que possa ser usado pelo Hezbollah, devem sair da cidade e não retornar até receberem outra mensagem”, diz uma chamada do Exército de Israel recebida pelos libaneses em seus telefones, escrita em árabe e vinda de um número libanês. É a mesma estratégia que as tropas impuseram aos palestinos em Gaza.

Tensão elevada

Somente na manhã de segunda-feira, a aviação israelense bombardeou mais de 300 alvos no território libanês, afirmam fontes militares. Os aviões de combate de Israel focam seus ataques especialmente no sul do Líbano, no Vale do Beqaa, e, mais ao norte, na área da fronteira com a Síria. Segundo análise da BBC, o temor é que a escalada atual seja o prelúdio de uma ofensiva mais ampla, que poderia incluir uma invasão terrestre no sul do Líbano para afastar os combatentes da fronteira. Israel pode estar esperando que, com a pressão, o grupo libanês recue – algo que parece improvável até agora.

A tensão disparou entre os dois países após uma semana de ataques no Líbano que causaram dezenas de mortos e milhares de feridos. Entre a última terça e quarta-feira, explodiram centenas de aparelhos pager e walkie-talkies que os membros do Hezbollah usavam para se comunicar. Posteriormente, na sexta-feira, um bombardeio israelense matou em Beirute um alto comandante do grupo xiita, Ibrahim Aqil, e cerca de 50 pessoas, entre elas outros membros do grupo. O Hezbollah, por meio de seu líder máximo, Hasan Nasrallah, prometeu uma “punição justa” e desafiou Israel a invadir o Líbano, embora também tenha admitido a gravidade do golpe para a organização.

Apesar de enfraquecido, o grupo permanece desafiador. Em discurso no funeral de altos comandantes mortos no ataque em Beirute, o número dois do Hezbollah, Naim Qassem, disse que o grupo não seria dissuadido – e prometeu continuar com os ataques contra Israel até que houvesse um cessar-fogo em Gaza. No fim de semana, centenas de foguetes foram disparados contra o norte de Israel, forçando o Estado judeu a fechar o espaço aéreo de parte do país. E no domingo, o grupo disparou cerca de 150 foguetes, mísseis de cruzeiro e drones, atingindo uma área civil perto de Haifa, a terceira cidade mais importante do país.

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