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Irmandade Muçulmana sofre novos golpes no Egito

Autoridades egípcias, apoiadas pelo exército, prenderam e congelaram bens de líderes islamitas, em novo golpe sofrido pelos simpatizantes de Mohamed Mursi


	Membro da Irmandade Muçulmana em protesto de apoio a Mohamed Mursi: desde a deposição de Mursi pelo exército, mais de 2.000 membros da Irmandade foram presos
 (Abdallah Dalsh/Reuters)

Membro da Irmandade Muçulmana em protesto de apoio a Mohamed Mursi: desde a deposição de Mursi pelo exército, mais de 2.000 membros da Irmandade foram presos (Abdallah Dalsh/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2013 às 14h28.

Cairo - As autoridades egípcias, apoiadas pelo exército, prenderam nesta terça-feira o porta-voz da Irmandade Muçulmana e congelaram os bens de outros líderes islamitas, em um novo golpe sofrido pelos simpatizantes do presidente deposto Mohamed Mursi.

Desde a deposição de Mursi pelo exército, no dia 3 de julho, e sua detenção, mais de 2.000 membros da Irmandade foram presos e vários estão enfrentando julgamento.

A repressão que desmobilizou a Irmandade Muçulmana também levou à morte de centenas de partidários islamitas nos confrontos registrados posteriormente em todo o país.

Em um novo golpe para a organização, a polícia prendeu nesta terça-feira seu porta-voz, Gehad al-Haddad, e outras cinco pessoas.

Um mandado de prisão estava pendente para Haddad, que era muito ativo nas redes sociais. Durante semanas ele conseguiu escapar da prisão, embora tenha permanecido ativo em suas atividades na internet e aparecido com frequência na televisão.

Outro dos presos nesta terça-feira foi um ex-governador provincial indicado por Mursi, Hossam Abu Bakr, detido em um apartamento no bairro de Nasr City, no Cairo, indicaram fontes de segurança.

Os seis homens detidos devem permanecer na prisão de Tora, no Cairo, onde diversos líderes da Irmandade já estão presos, incluindo o guia supremo da organização, Mohamed Badie, informaram fontes de segurança.

Nasr City foi o epicentro dos protestos pró-Mursi, e foi palco durante semanas de um acampamento dos partidários do presidente, que exigiam seu retorno ao poder.

Mursi está detido em um local não revelado desde sua deposição pelo golpe militar, levado adiante após grandes protestos contra seu governo.


Em meados de agosto, o governo interino apoiado pelos militares lançou uma operação sangrenta para acabar com os dois acampamentos de protesto pró-Mursi no Cairo, incluindo o de Nasr City. Centenas de pessoas que estavam ali, e em outras partes do país, foram mortas nos confrontos que se seguiram.

Na semana seguinte, mais de 1.000 pessoas morreram em episódios de violência registrados em todo o Egito, a maioria delas partidárias de Mursi.

A prisão de Haddad ocorreu no momento em que um tribunal egípcio ordenava o congelamento dos bens de Badie, líder da Irmandade, de seus dois adjuntos, Khairat al-Shater e Rashad Bayoumi, assim como do líder salafista Hazem Abu Ismail e do pregador Safwat Hegazy.

Os cinco atualmente estão presos, acusados de incitar o assassinato de manifestantes contrários a Mursi.

Cerca de 15 políticos islamitas já tiveram seus bens congelados como parte da ofensiva contra a Irmandade, um movimento fundado no Egito em 1928.

Por muito tempo banido no Egito, o grupo se tornou gradualmente mais tolerado nos anos que antecederam a revolução de 2011, ganhando assentos parlamentares através de candidatos que concorreram como independentes.

Ele se tornou o centro das atenções só depois da revolta que derrubou o presidente Hosni Mubarak, conquistando uma maioria no parlamento e, em seguida, a presidência. Mas a deposição de Mursi no dia 3 de julho voltou a modificar o cenário político no Egito.

A dispersão violenta dos acampamentos de protesto em agosto e a campanha de prisões dispersou as fileiras da Irmandade e tornou cada vez mais difícil mobilizar um grande número de simpatizantes para novos protestos.

As novas autoridades lançaram um cronograma político que prevê eleições parlamentares e presidenciais em 2014.

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