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Irã nega ter tentado "acobertar" caso do avião derrubado

As Forças Armadas iranianas admitiram sua responsabilidade na tragédia do voo ucraniano que matou 176 pessoas

Protestos: iranianos fazem manifestações desde que o governo do país admitiu ter abatido avião ucraniano (Henry Nicholls/Reuters)

Protestos: iranianos fazem manifestações desde que o governo do país admitiu ter abatido avião ucraniano (Henry Nicholls/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de janeiro de 2020 às 12h24.

O Irã negou, nesta segunda-feira (13), ter tentado "acobertar o caso", em referência a sua responsabilidade pelo avião de passageiros ucraniano derrubado por erro perto de Teerã na última quarta.

"Nestes dias de tristeza, houve críticas aos responsáveis e às autoridades do país. Alguns responsáveis foram inclusive acusados de mentir e de tentar acobertar o ocorrido, quando, sincera e honestamente, este não foi o caso", disse o porta-voz do governo, Ali Rabii.

"A verdade é que não mentimos. Mentir é disfarçar a verdade de maneira intencional e consciente. Mentir é acobertar informações. Mentir é conhecer um fato e não dizê-lo, ou deformar a realidade", acrescentou Rabii.

"O que dissemos na quinta-feira estava baseado nas informações que haviam sido apresentadas ao conjunto do governo e segundo as quais não havia qualquer relação entre o acidente e um (disparo de) míssil", insistiu o porta-voz.

As Forças Armadas iranianas admitiram, no sábado, sua responsabilidade na tragédia do voo PS572 da Ukraine International Airlines. A aeronave foi derrubada em 8 de janeiro, antes do amanhecer, pouco depois de decolar de Teerã.

Na quinta e sexta-feiras, a Organização de Aviação Civil iraniana e o governo negaram a hipótese de que o avião tivesse sido derrubado por um míssil, mencionada desde a quarta à noite pelo Canadá.

As 176 pessoas a bordo do avião, iranianos e canadenses em sua maioria, morreram na tragédia. O anúncio da responsabilidade das Forças Armadas provocou uma onda de indignação no Irã.

Na noite de sábado, uma cerimônia em homenagem às vítimas em uma universidade de Teerã se transformou em uma manifestação contra as autoridades, aos gritos de "morte aos mentirosos". A polícia conseguiu dispersar a multidão.

Ontem à noite, várias mobilizações foram registradas em Teerã, conforme vídeos publicados nas redes sociais que não puderam ter sua veracidade confirmadas.

- 'Moderação' da polícia -

Nesta segunda-feira, o governo alemão pediu ao Irã que permita a realização de "protestos de forma pacífica e livre".

A porta-voz do Ministério alemão das Relações Exteriores, Maria Adebahr, classificou como "muito preocupantes" as imagens de vídeo, nas quais se vê as forças de segurança iranianas reprimindo a multidão.

O chefe da Polícia de Teerã declarou hoje que recebeu ordens para agir com "moderação" frente às recentes manifestações.

Também nesta segunda, o Ministério britânico das Relações Exteriores convocou o embaixador iraniano em Londres para protestar contra a breve detenção, no fim de semana, do representante diplomático de Londres em Teerã, anunciou o porta-voz de Downing Street.

"Foi uma violação inaceitável da Convenção de Viena e deve ser investigada. Pedimos ao governo iraniano todas as garantias de que isso não voltará a acontecer. A Chancelaria convocou hoje o embaixador iraniano para lhe transmitir nossas firmes objeções", afirmou o porta-voz.

No domingo, o Irã reconheceu que deteve, brevemente, o embaixador britânico, Rob Macaire, quando ele deixou uma manifestação no sábado, organizada como uma vigília em memória das 176 vítimas.

O vice-ministro iraniano das Relações Exteriores, Abas Araghchi, esclareceu que "não foi preso, mas retido, por ser um estrangeiro não identificado que participava de uma manifestação ilegal". De acordo com o vice-ministro, Macaire foi liberado 15 minutos depois, tão logo sua identidade foi confirmada.

O embaixador britânico negou, por sua vez, ter participado de manifestações contra as autoridades iranianas, como publicaram alguns veículos da imprensa local.

Em conversa ontem à noite com o primeiro-ministro sueco, Stefan Lofven, o presidente iraniano, Hassan Rohani, prometeu uma "exaustiva investigação" sobre o desastre aéreo, conforme anúncio feito por sua assessoria.

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