Irã deve explorar vácuo de poder com saída dos EUA do Iraque
Especialistas temem que país aproveita a retirada das tropas para aumentar a influência no vizinho
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2011 às 17h28.
Riad - A saída americana do Iraque deixará um vácuo de poder no Golfo, dizem analistas, abrindo caminho para o Irã aumentar sua influência na região estratégica econômica e politicamente, uma preocupação que ecoa entre os aliados americanos no Golfo.
"A saída dos EUA do Iraque com certeza criará um vácuo de poder", disse Abdulaziz Sager, presidente do Centro de Pesquisas do Golfo, observando que a presença dos EUA na região fortaleceu os países do Golfo Árabe com "quem partilham interesses e têm acordos de segurança.
"Essa presença deu a eles (países do Golfo) um senso de estabilidade e segurança devido às capacidades militares americanas", disse Sager, acrescentando que a retirada das tropas "fortalecerá a influência militar e da inteligência do Irã" no Iraque.
Depois de nove anos no Iraque, os EUA vão retirar as tropas americanas remanescentes até o fim de 2011, um ano em que aconteceram levantes sem precedentes no mundo árabe, que levaram à derrubada de três ditadores - na Tunísia, no Egito e na Líbia -, mas também alimentaram uma divisão religiosa e sectária na região.
Os países do Golfo Árabe estão preocupados principalmente com o que o Irã pode fazer no Iraque, hoje dominado pelos xiitas, bem como suas intenções na ampla região, incluindo a Arábia Saudita e Bahrein, onde regimes sunitas reprimiram duramente a dissidência xiita nos últimos meses.
De acordo com Sager, a influência crescente do Irã pode não ser uma "ameaça direta ao Iraque", mas, ao invés disso, ser usada pela nação xiita para desafiar seus rivais no Golfo, principalmente sunitas, e para compensar a perda potencial da aliada Síria que enfrenta um levante em massa.
O Iraque compartilha uma ligação religiosa com o Irã e ambas as nações expressaram críticas semelhantes a uma crescente pressão regional e internacional sobre o presidente sírio Bashar al-Assad para renunciar.
"Na frente política, a saída dos EUA provavelmente vai levar o Iraque a buscar relações mais próximas com o Irã, particularmente devido à completa ausência da influência turca e saudita no país", disse Sager.
As autoridades americanas, que têm trabalhado para acalmar as preocupações na região, argumentaram que o Irã, de fato, fracassou em fazer do Iraque um "estado cliente" e que a República Islâmica está cada vez mais isolada.
O Conselheiro da Segurança Nacional dos EUA, Tom Donilon, disse no mês passado que o "equilíbrio regional do poder está indo contra o Irã" e que o Iraque e Irã têm "visões muito diferentes sobre seus futuros".
Tensões entre o Irã e seus rivais árabes cresceram nos últimos meses, enquanto as monarquias governadas por sunitas na Arábia Saudita e Bahrein continuam acusando Teerã de instigar conflitos entre suas populações xiitas.
No começo do ano, no Bahrein, protestos conduzidos por xiitas pedindo reformas democráticas foram brutalmente reprimidos, deixando milhares de mortos.
Uma investigação independente da repressão não encontrou provas do envolvimento iraniano, mas o governo de Bahrein insistiu que a propaganda do Irã desempenhou um papel nos levantes.
Na província oriental da Arábia Saudita, onde muitos manifestantes xiitas anti-governo foram mortos no mês passado, o Ministro do Interior acusou atiradores com agendas estrangeiras de infiltrar os protestos e abrir fogo sobre as forças de segurança.
Também há preocupações que as forças iraquianas simplesmente não estão prontas para assumir o controle do país, que saíram do sangrento conflito sectário e da instabilidade política desde a invasão dos EUA em 2003.
"As forças de segurança do Iraque se capacitaram para lidar com ameaças internas nos últimos oito anos", disse o tenente-general Robert Caslen, chefe do Escritório de Segurança de Cooperação-Iraque (OSC-I), em entrevista recente à AFP. Mas eles "não desenvolveram a capacidade para lidar com ameaças externas".
O chefe militar do Iraque, Babak Zebari, também admitiu que o Iraque pode não estar apto para defender plenamente suas fronteiras e que levará anos até que o exército possa "realizar todas as suas tarefas de defesa externa".
Analista do Irã e chefe do Centro de Estdos Estratégicos no Kuwait, Sami al-Faraj, argumenta que as capacidades militares do Irã não se comparam às das nações do Golfo Árabe, que, segundo ele, poderão afastar qualquer potencial agressão iraniana. "As armas do Irã são velhas e desgastadas", acrescentou.
O analista político Sami al-Nisf, entretanto, acredita que o momento da retirada americana do Iraque foi infeliz e apenas complicará a política existente na região e os desafios sectários.
"Os americanos deveriam ter ficado (no Iraque) como fizeram na Alemanha e no Japão para que o país não fique totalmente sobre o controle de Teerã", disse Nisf, acrescentando que "infelizmente, estamos indo nessa direção".
Riad - A saída americana do Iraque deixará um vácuo de poder no Golfo, dizem analistas, abrindo caminho para o Irã aumentar sua influência na região estratégica econômica e politicamente, uma preocupação que ecoa entre os aliados americanos no Golfo.
"A saída dos EUA do Iraque com certeza criará um vácuo de poder", disse Abdulaziz Sager, presidente do Centro de Pesquisas do Golfo, observando que a presença dos EUA na região fortaleceu os países do Golfo Árabe com "quem partilham interesses e têm acordos de segurança.
"Essa presença deu a eles (países do Golfo) um senso de estabilidade e segurança devido às capacidades militares americanas", disse Sager, acrescentando que a retirada das tropas "fortalecerá a influência militar e da inteligência do Irã" no Iraque.
Depois de nove anos no Iraque, os EUA vão retirar as tropas americanas remanescentes até o fim de 2011, um ano em que aconteceram levantes sem precedentes no mundo árabe, que levaram à derrubada de três ditadores - na Tunísia, no Egito e na Líbia -, mas também alimentaram uma divisão religiosa e sectária na região.
Os países do Golfo Árabe estão preocupados principalmente com o que o Irã pode fazer no Iraque, hoje dominado pelos xiitas, bem como suas intenções na ampla região, incluindo a Arábia Saudita e Bahrein, onde regimes sunitas reprimiram duramente a dissidência xiita nos últimos meses.
De acordo com Sager, a influência crescente do Irã pode não ser uma "ameaça direta ao Iraque", mas, ao invés disso, ser usada pela nação xiita para desafiar seus rivais no Golfo, principalmente sunitas, e para compensar a perda potencial da aliada Síria que enfrenta um levante em massa.
O Iraque compartilha uma ligação religiosa com o Irã e ambas as nações expressaram críticas semelhantes a uma crescente pressão regional e internacional sobre o presidente sírio Bashar al-Assad para renunciar.
"Na frente política, a saída dos EUA provavelmente vai levar o Iraque a buscar relações mais próximas com o Irã, particularmente devido à completa ausência da influência turca e saudita no país", disse Sager.
As autoridades americanas, que têm trabalhado para acalmar as preocupações na região, argumentaram que o Irã, de fato, fracassou em fazer do Iraque um "estado cliente" e que a República Islâmica está cada vez mais isolada.
O Conselheiro da Segurança Nacional dos EUA, Tom Donilon, disse no mês passado que o "equilíbrio regional do poder está indo contra o Irã" e que o Iraque e Irã têm "visões muito diferentes sobre seus futuros".
Tensões entre o Irã e seus rivais árabes cresceram nos últimos meses, enquanto as monarquias governadas por sunitas na Arábia Saudita e Bahrein continuam acusando Teerã de instigar conflitos entre suas populações xiitas.
No começo do ano, no Bahrein, protestos conduzidos por xiitas pedindo reformas democráticas foram brutalmente reprimidos, deixando milhares de mortos.
Uma investigação independente da repressão não encontrou provas do envolvimento iraniano, mas o governo de Bahrein insistiu que a propaganda do Irã desempenhou um papel nos levantes.
Na província oriental da Arábia Saudita, onde muitos manifestantes xiitas anti-governo foram mortos no mês passado, o Ministro do Interior acusou atiradores com agendas estrangeiras de infiltrar os protestos e abrir fogo sobre as forças de segurança.
Também há preocupações que as forças iraquianas simplesmente não estão prontas para assumir o controle do país, que saíram do sangrento conflito sectário e da instabilidade política desde a invasão dos EUA em 2003.
"As forças de segurança do Iraque se capacitaram para lidar com ameaças internas nos últimos oito anos", disse o tenente-general Robert Caslen, chefe do Escritório de Segurança de Cooperação-Iraque (OSC-I), em entrevista recente à AFP. Mas eles "não desenvolveram a capacidade para lidar com ameaças externas".
O chefe militar do Iraque, Babak Zebari, também admitiu que o Iraque pode não estar apto para defender plenamente suas fronteiras e que levará anos até que o exército possa "realizar todas as suas tarefas de defesa externa".
Analista do Irã e chefe do Centro de Estdos Estratégicos no Kuwait, Sami al-Faraj, argumenta que as capacidades militares do Irã não se comparam às das nações do Golfo Árabe, que, segundo ele, poderão afastar qualquer potencial agressão iraniana. "As armas do Irã são velhas e desgastadas", acrescentou.
O analista político Sami al-Nisf, entretanto, acredita que o momento da retirada americana do Iraque foi infeliz e apenas complicará a política existente na região e os desafios sectários.
"Os americanos deveriam ter ficado (no Iraque) como fizeram na Alemanha e no Japão para que o país não fique totalmente sobre o controle de Teerã", disse Nisf, acrescentando que "infelizmente, estamos indo nessa direção".