Os Estados Unidos deixaram o acordo nuclear do Irã no início de maio (Rob Stothard/Getty Images)
AFP
Publicado em 5 de junho de 2018 às 09h33.
Última atualização em 5 de junho de 2018 às 09h46.
O Irã comunicou na segunda-feira à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que vai aumentar a capacidade de enriquecimento de urânio com mais centrífugas, informou o vice-presidente iraniano Ali Akbar Salehi.
"Uma carta foi enviada à OIEA sobre o começo de determinadas atividades", declarou Salehi, de acordo com a agência iraniana Fars.
"Se as condições permitirem, pode ser que amanhã, em Natanz (centro), possamos declarar a abertura do centro de produção de novas centrífugas", completou Salehi, que preside a Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA).
"Isto não viola o acordo" de Viena sobre o programa nuclear iraniano que Teerã assinou com seis grandes potências em julho de 2015, afirmou Salehi.
No dia 8 de maio, o governo americano anunciou a saída do acordo, também assinado por Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha.
A produção centrífugas "não significa que vamos começar a colocá-las em atividade", explicou o vice-presidente iraniano.
"Também não quer dizer que fracassaram as negociações coma Europa", completou Salehi.
Após a retirada dos Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha e União Europeia iniciaram negociações para que o Irã continue respeitando os termos do acordo.
Em um discurso na segunda-feira, o guia supremo iraniano, Ali Khamenei, disse que a OIEA tinha "o dever de preparar-se rapidamente" a aumentar a capacidade de enriquecimento de urânio.
O enriquecimento de urânio permite produzir combustíveis para as centrais nucleares que geram energia e para outras finalidades civis, particularmente a medicina.
Mas o urânio altamente enriquecido e em quantidade suficiente permite a produção de uma bomba atômica.
Estados Unidos e Israel acusam o Irã e querer fabricar uma bomba atômica, mas o Irã rebate as acusações e afirma que seu programa tem um objetivo pacífico e civil.
Nesta terça-feira, o ministro israelense da Inteligência, Yisrael Katz, pediu a formação de uma coalizão militar contra o Irã se este país se desvincular do acordo internacional sobre suas atividades nucleares e enriquecer urânio com fins militares.
Neste caso, "seria necessária uma tomada de posição do presidente dos Estados Unidos e de toda a coalizão ocidental - na qual estariam sem dúvida os (países) árabes e Israel - para deixar claro que se os iranianos voltarem (a enriquecer com fins militares), se formará uma coalizão militar contra eles", afirmou Katz.