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Irã anuncia violação de acordo nuclear de 2015

Com a violação do acordo, cresce a pressão sobre os signatários restantes do acordo para encontrar uma forma de salvar o pacto

Irã: os EUA abandoaram o acordo no ano passado e passaram a adotar sanções contra o país (Denis Balibouse/Reuters)
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AFP

Publicado em 1 de julho de 2019 às 10h41.

Última atualização em 1 de julho de 2019 às 13h56.

O Irã anunciou nesta segunda-feira (1º) que superou o limite autorizado de suas reservas de urânio pouco enriquecido, imposto pelo acordo de 2015 sobre seu programa nuclear.

Com isso, corre o risco de ser acusado pela primeira vez de descumprir seus compromissos internacionais.

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Conforme a agência oficial de notícias Isna, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, informou que o Irã excedeu o limite autorizado de suas reservas de urânio de baixo enriquecimento.

"Segundo as informações que tenho, o Irã ultrapassou o limite de 300 quilos de urânio com pouco enriquecimento", disse Zarif à Isna.

"Nós anunciamos (o cruzamento do limite) com antecedência", acrescentou Zarif, e esses anúncios anteriores do Irã dizem "muito claramente o que faremos a seguir".

"Consideramos nosso direito fazer isso no âmbito do JCPOA (sigla para o Plano de Ação Global Comum, nome oficial do Acordo Internacional Nuclear, concluído em Viena em 2015)", completou o ministro.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), encarregada de verificar a aplicação por parte de Teerã do acordo nuclear de 2015, confirmou que "verificou em 1º de julho que as reservas totais de urânio pouco enriquecido ultrapassavam 300 quilos", disse o porta-voz do organismo em um comunicado.

A passagem deste limite autorizado de 300 quilos também foi anunciada em Viena por uma fonte diplomática.

"Houve uma superação", disse a fonte da AFP, que pediu anonimato, sem poder especificar a quantidade que foi superada.

Zarif também não informou em que nível as reservas estão. Uma autoridade iraniana havia indicado, na sexta-feira, que estavam 2,8 kg abaixo do limite de 300 kg.

Em resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sair unilateralmente do país em maio de 2018 e reimpor sanções contra o Irã, Teerã anunciou em 8 de maio que não se sentia mais vinculada a dois limites estabelecidos pelo acordo: o imposto sobre suas reservas de água pesada (130 toneladas) e sobre seu estoque de urânio pouco enriquecido (300 quilos).

Teerã também ameaça retomar, a partir de 7 de julho, as atividades de enriquecimento de urânico a uma porcentagem maior do que o máximo estabelecido (3,67%). Considera ainda reiniciar seu projeto de construção de um reator de água pesada em Arak (centro do país), se os demais países que continuam no acordo (Alemanha, China, França, Grã-Bretanha e Rússia) não ajudarem a contornar as sanções americanas.

O anúncio desta segunda acontece em um contexto de tensões com o governo americano. A crise piorou em 20 de junho, depois que o Irã derrubou um drone dos Estados Unidos. Segundo Teerã, o aparelho estava no espaço aéreo iraniano, o que Washington nega.

"Progressos insuficientes"

Concluído em julho de 2015, em Viena, o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano está em perigo desde a saída dos Estados Unidos.

Por meio do Acordo de Viena, o Irã prometeu não tentar adquirir a bomba atômica e concordou em reduzir drasticamente seu programa nuclear em troca da suspensão das sanções internacionais que sufocam sua economia.

As sanções dos Estados Unidos buscam, porém, isolar o Irã quase completamente do sistema financeiro internacional e fazê-lo perder seus compradores de petróleo.

Depois de uma reunião de crise na sexta-feira em Viena, o vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, disse que "progressos" haviam sido feitos para ajudar o Irã, mas os considerou "insuficientes".

No final da reunião, a União Europeia anunciou que o Instex, o mecanismo projetado por Berlim, Londres e Paris para ajudar o Irã a contornar as sanções, estava finalmente "operacional" e que as primeiras transações estavam em andamento.

Zarif estimou, contudo, que o Instex não responde "às exigências" de Teerã "nem às obrigações" que cabiam aos europeus.

"Para que o Instex seja útil para o Irã, é necessário que os europeus comprem petróleo iraniano", alegou Araghchi na sexta-feira.

"O Instex é apenas o começo (da execução dos) compromissos (europeus) e, no momento, ainda não foi totalmente iniciado", acrescentou Zarif nesta segunda.

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