Indonésia proíbe contratação de grávidas, LGBTs e deficientes físicos
Ministérios da Indonésia discriminam candidatos em seus anúncios de emprego em favor de candidatos ditos "normais"
AFP
Publicado em 22 de novembro de 2019 às 10h31.
Vários ministérios indonésios estão proibindo a contratação de mulheres grávidas, deficientes físicos ou homossexuais em favor de candidatos ditos "normais", conforme denunciou o Defensor Público da Indonésia , Ninik Rahayu, ao final de uma investigação interna.
A discriminação contra homossexuais e transexuais aumentou consideravelmente nos últimos anos na Indonésia, o arquipélago do sudeste asiático de cerca de 260 milhões de habitantes, a maioria muçulmanos.
O sexismo no local de trabalho também prevalece.
Os Ministérios da Defesa e Comércio, bem como a Procuradoria Geral da República (AGO) discriminam candidatos em seus anúncios de emprego.
"O Ministério da Defesa proíbe as mulheres grávidas de se candidatarem a um emprego, enquanto a AGO e o Ministério do Comércio proíbem isso com pessoas trans", afirmou Ninik à AFP.
"A AGO até fez uma declaração dolorosa que dizia 'nós só aceitamos pessoas normais'", acrescentou.
"Proibir as pessoas de se candidatarem a um emprego simplesmente porque são transgêneros não é aceitável e é uma violação dos direitos humanos", acrescentou.
O Defensor Público pediu aos ministérios que revogassem suas políticas de contratação, mas, até o momento, apenas o Ministério do Comércio atendeu à solicitação, informou Ninik, acrescentando que seu escritório notou este ano, pela primeira vez, a prática de discriminação.
Na quinta-feira, um porta-voz da AGO disse aos jornalistas que a instituição proibiu a contratação de candidatos homossexuais e transexuais em favor de candidatos ditos "normais".
No site da AGO, um texto afirma que os candidatos a emprego não devem ser daltônicos, nem fisicamente ou mentalmente deficientes.
"Não devem ter distúrbios de orientação sexual (transexuais) ou serem gays", afirma ainda a nota.
As restrições equivalem a uma "política baseada no ódio", critica Usman Hamid, diretor executivo da Anistia Internacional na Indonésia.
"A Indonésia deve tentar recrutar os melhores e mais brilhantes candidatos para sua administração pública, sem aplicar restrições arbitrárias e odiosas", acrescentou, pedindo aos respectivos ministérios que se livrem das questionadas regras.
"Isso vai contra a Constituição da Indonésia e suas obrigações sob o direito internacional dos direitos humanos", concluiu.