Mundo

Impeachment: os republicanos jogarão Trump aos leões?

Impeachment só vai à frente se 20 senadores do partido do presidente votarem por sua saída a um ano das eleições

Donald Trump: processo contra presidente é aberto num momento em que a economia americana perde força (Tom Pennington / Equipa/Getty Images)

Donald Trump: processo contra presidente é aberto num momento em que a economia americana perde força (Tom Pennington / Equipa/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2019 às 06h57.

Última atualização em 25 de setembro de 2019 às 10h44.

O encurralado presidente americano Donald Trump é o grande personagem desta quarta-feira. Ontem, a líder democrata do Congresso, Nancy Pelosi, abriu processo de impeachment contra o republicano por supostamente ter negociado com o governo da Ucrânia investigações contra o favorito democrata para a campanha presidencial de 2020, Joe Biden.

Trump prometeu revelar, nesta quarta-feira, a transcrição do telefonema mantido em 25 de julho com o presidente da Ucrânica, Volodymyr Zelensky, quando teria condicionado a liberação de ajuda de quase 400 milhões de dólares ao país a uma devassa de seu adversário. Mas o conteúdo não deve ser suficiente para acalmar os democratas, como o próprio Trump antecipou ontem, ao chamar o processo de “caça às bruxas”.

A grande questão em aberto é qual o objetivo final do partido que perdeu as eleições para Trump em 2016 e que agora, a um ano das eleições de 2020, vai para o tudo ou nada. O partido democrata tem maioria folgada na Câmara, mas teria que convencer 20 senadores republicanos a apoiar a retirada de Trump.

Avizinha-se, portanto, um processo semelhante ao do ex-presidente democrata Bill Clinton. O precosse de impeachment contra ele foi aprovado pela Câmara de maioria republicana, mas barrado pelo Senado democrata. O argumento decisivo, na época, era a solidez econômica do país.

O processo contra Trump é aberto num momento em que a economia americana perde força, mas ainda apresenta as menores taxas de desemprego de sua história. É um contexto pouco favorável, portanto, a um impedimento. Editorialistas do jornal Washington Post afirmaram, ontem, que a esperança está num apelo à decência historicamente defendida pelos conservadores do país.

Para o Post, Trump cometeu um flagrante abuso de poder quase idêntico ao comportamento, negado por ele, de buscar ajuda russa para interferir nas eleições que levaram a sua vitória.

O jornal cita ainda 17 outros episódios em que o presidente teria usado o cargo para fins pessoais — entre eles pressionar países a fazer negócios com suas empresas, pedir a Israel que não receba deputadas democratas e criar uma rede de campos de internação para “uma classe de pessoas que ele despreza”. “Os republicanos precisam decidir se aceitarão o padrão de Trump como aceitável para futuros presidentes”, escreveu o Post.

Como brasileiros sabem bem, o que vai definir o destino de Trump, no fim das contas, é a política. Os republicanos jogarão um presidente com alta rejeição e com limitadas opções para manter a economia aquecida, além de novato no partido, aos leões? Caso contrário, o processo enfraquecerá ou fortalecerá Trump, dando-lhe a chance de trocar a agressividade por um discurso de perseguição das elites (embora seja ele mesmo parte integrante do 0,0001% da América)?

A única certeza é o efeito imediato sobre as bolsas e o câmbio. Os principais índices asiáticos fecharam em queda de mais de 1% nesta quarta-feira, e os europeus também abriram em forte queda.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpExame Hoje

Mais de Mundo

Companhias aéreas retomam gradualmente os serviços após apagão cibernético

Radiografia de cachorro está entre indícios de esquema de fraude em pensões na Argentina

Trump conversa com Zelensky e promete "negociação" e "fim da guerra" na Ucrânia

Legisladores democratas aumentam pressão para que Biden desista da reeleição

Mais na Exame