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Greenpeace critica metas energéticas do governo para 2022

Brasília - O Brasil pode crescer 7% anualmente nos próximos 12 anos, mas precisará dobrar o consumo de energia per capita para atingir esse patamar. As duas metas estão no Plano Brasil 2022, que a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) elaborou e está submetendo a consulta pública. Cerca de 20 mil entidades civis devem contribuir […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Brasília - O Brasil pode crescer 7% anualmente nos próximos 12 anos, mas precisará dobrar o consumo de energia per capita para atingir esse patamar. As duas metas estão no Plano Brasil 2022, que a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) elaborou e está submetendo a consulta pública. Cerca de 20 mil entidades civis devem contribuir com críticas e sugestões ao plano que estabelece metas e ações para as áreas sociais, de economia, de infraestrutura e de funcionamento do governo.

Para a organização não governamental (ONG) ambientalista Greenpeace, o plano peca por não estabelecer metas de aumento da eficiência dos sistemas de geração, transmissão, distribuição e também no consumo de energia elétrica. “Dobrar o consumo per capita é uma necessidade relativa. Podemos ser mais eficientes nos processos produtivos e ter crescimento da economia utilizando cada vez menos energia”, aponta Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energias renováveis da ONG ambientalista.

Para ele, o plano mantém a política de construção de grandes hidrelétricas em regiões remotas e a dependência de linhas de transmissão de "milhares de quilômetros" para abastecer as principais atividades econômicas e as maiores cidades do país. "Se fala muito pouco em relação à eficiência das linhas de transmissão", reclamou o ambientalista.

O plano do governo prevê a expansão da capacidade instalada de geração hidrelétrica em 5,1 Gigawatts (GW) por ano até 2022. Para Baitelo, isso será feito na Amazônia, "fatalmente" impactando as populações locais como acontecerá, segundo ele, na futura Usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). Ele prevê ainda que os impactos sociais e ambientais irão gerar conflitos e demandas na Justiça. Ele lamenta ainda que o plano não contemple a repotencialização das usinas hidrelétricas já instaladas, com a substituição de turbinas antigas por equipamentos novos e mais eficientes.

"A questão da sustentabilidade, de forma geral, não está presente", disse Baitelo, mesmo reconhecendo que o plano trata da utilização de equipamentos eficientes e do aumento das fontes renováveis na matriz energética. Segundo ele, o governo “já não é mais resistente", por exemplo, ao uso de energia eólica. Mesmo assim, não define regras claras e nem tem uma programação de médio e longo prazos para o leilão de energia eólica.

O coordenador do Greenpeace criticou ainda a meta do governo de ampliar a participação das centrais nucleares na matriz elétrica brasileira e produzir mais urânio enriquecido. "Ainda não temos solução para o descarte do material radioativo. São precárias as condições de operacionalização nas minas de Caitité [BA] que, praticamente sozinha, provê a produção do urânio brasileiro. Com todos os problemas de licenciamento de operação e [risco de] vazamento [de material radioativo], querer aumentar a capacidade dessa mina é realmente perigoso".

De acordo com a Secretaria de Assuntos Estratégicos, qualquer pessoa pode se manifestar sobre o Plano Brasil 2022 e encaminhar observações, sugestões e críticas. O documento está disponível na página da SAE na internet, para consulta.

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