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Genebra 2 aborda questões políticas na Síria

Negociadores do regime de Bashar al-Assad e da oposição discutem hoje o governo de transição, tema delicado do encontro

Lakhdar Brahimi: depois da ameaça de abandono da conferência na sexta, as delegações negociaram em um clima de respeito mútuo, disse Brahimi (Fabrice Coffrini/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2014 às 09h09.

Genebra - Após dois dias consagrados aos problemas dos civis atacados em Homs e dos milhares de prisioneiros e desaparecidos do conflito sírio, os negociadores do regime de Bashar al-Assad e da oposição discutem nesta segunda-feira o tema mais delicado: o governo de transição.

Há meses esta é a "linha vermelha" das negociações para as duas delegações.

Anunciado no comunicado final de "Genebra I", pacientemente escrito pelos russos e americanos em uma noite de junho de 2012, o princípio do "órgão de transição governamental" divide partidários e inimigos do presidente Assad.

Opõe tanto russos e iranianos, padrinhos do Governo sírio, como ocidentais e as monarquias do Golfo, que apoiam a oposição.

Em geral, a oposição, que luta desde março de 2011, considera que Genebra I é sinônimo de Governo de transição e saída de Assad, no poder desde 2000.

Já o regime considera que abre caminho para um governo de união nacional ampliado. Damasco soluciona a questão da saída do presidente indicando que caberá aos sírios eleger seu presidente em eleições.

Especialistas em política e direito internacional que participaram da redação da decisão de Genebra I vão explicar às duas delegações o conteúdo deste documento, indicou um membro da oposição. Não há previsão para discussões diretas entre as delegações.

"Vamos começar a falar da transição da ditadura à democracia", declarou Luai Safi, membro da delegação da oposição, antes do terceiro dia de negociações.

"O regime, claramente, não se mostra entusiasmado, arrastam os pés", acrescentou Safi. "Vamos ver se o regime está de acordo com uma solução política ou se ficam com uma solução militar", disse.

As negociações foram retomadas às 10H00 GMT (8H00 no horário de Brasília). Nesta manhã, a imprensa oficial síria reiterou o lema do regime: "a delegação governamental em Genebra II não partiu para a Conferência para entregar o poder para aqueles que participam de um complô contra o povo".

Os negociadores de Bashar al-Assad "estão em Genebra para falar em nome do povo sírio, que tem sido alvo do terrorismo de grupos armados ligados à Al-Qaeda", escreveu o jornal Techrine.


Depois da ameaça de abandono da conferência na sexta-feira, as delegações negociaram em um clima no qual, segundo o mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, prevaleceu o respeito mútuo.

Os negociadores dos dois campos inimigos realizaram sessões de trabalho pela manhã, juntos na mesma sala, mas não se falaram diretamente, negociando por intermédio de Brahimi. Durante a tarde, as negociações transcorreram em salas separadas e o mediador da ONU se dividia entre os grupos. É o que irá ocorrer nesta segunda-feira no momento de abordar as negociações políticas.

Lakhdar Brahimi obteve do regime a promessa de deixar que mulheres e crianças, perseguidos há meses no centro de Homs, abandonem a cidade.

Mas o anúncio foi recebido com ceticismo nos quartéis-generais rebeldes de Homs, onde a oposição exige garantias de que os civis não serão detidos pelo regime ao deixarem a cidade.

A ONU também espera que os comboios de ajuda humanitária possam entrar nos bairros rebeldes de Homs. Considerada frequentemente como o foco da revolução dos protestos, Homs pagou caro por sua oposição a Bashar al-Assad. Os bairros rebeldes são atacados desde junho de 2012 pelo exército regular, que os bombardeia regularmente, e milhares de sírios vivem ali em condições chocantes, sem alimentos ou remédios.

Os negociadores examinaram no domingo o problema dos prisioneiros e desaparecidos, um fenômeno que se amplificou desde que o movimento de protesto de março de 2011 se transformou em uma guerra civil sangrenta que deixou mais de 130.000 mortos e milhares de refugiados e deslocados.

A oposição afirma que possui uma lista de 47.000 pessoas detidas nas prisões do regime. Apresentou no decorrer das negociações uma primeira lista de 2.300 mulheres e crianças. "Se ocorrer uma mudança, a prioridade são as mulheres, as crianças e os idosos", declarou Monzer Aqbiq, porta-voz da delegação opositora.

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Genebra - Após dois dias consagrados aos problemas dos civis atacados em Homs e dos milhares de prisioneiros e desaparecidos do conflito sírio, os negociadores do regime de Bashar al-Assad e da oposição discutem nesta segunda-feira o tema mais delicado: o governo de transição.

Há meses esta é a "linha vermelha" das negociações para as duas delegações.

Anunciado no comunicado final de "Genebra I", pacientemente escrito pelos russos e americanos em uma noite de junho de 2012, o princípio do "órgão de transição governamental" divide partidários e inimigos do presidente Assad.

Opõe tanto russos e iranianos, padrinhos do Governo sírio, como ocidentais e as monarquias do Golfo, que apoiam a oposição.

Em geral, a oposição, que luta desde março de 2011, considera que Genebra I é sinônimo de Governo de transição e saída de Assad, no poder desde 2000.

Já o regime considera que abre caminho para um governo de união nacional ampliado. Damasco soluciona a questão da saída do presidente indicando que caberá aos sírios eleger seu presidente em eleições.

Especialistas em política e direito internacional que participaram da redação da decisão de Genebra I vão explicar às duas delegações o conteúdo deste documento, indicou um membro da oposição. Não há previsão para discussões diretas entre as delegações.

"Vamos começar a falar da transição da ditadura à democracia", declarou Luai Safi, membro da delegação da oposição, antes do terceiro dia de negociações.

"O regime, claramente, não se mostra entusiasmado, arrastam os pés", acrescentou Safi. "Vamos ver se o regime está de acordo com uma solução política ou se ficam com uma solução militar", disse.

As negociações foram retomadas às 10H00 GMT (8H00 no horário de Brasília). Nesta manhã, a imprensa oficial síria reiterou o lema do regime: "a delegação governamental em Genebra II não partiu para a Conferência para entregar o poder para aqueles que participam de um complô contra o povo".

Os negociadores de Bashar al-Assad "estão em Genebra para falar em nome do povo sírio, que tem sido alvo do terrorismo de grupos armados ligados à Al-Qaeda", escreveu o jornal Techrine.


Depois da ameaça de abandono da conferência na sexta-feira, as delegações negociaram em um clima no qual, segundo o mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, prevaleceu o respeito mútuo.

Os negociadores dos dois campos inimigos realizaram sessões de trabalho pela manhã, juntos na mesma sala, mas não se falaram diretamente, negociando por intermédio de Brahimi. Durante a tarde, as negociações transcorreram em salas separadas e o mediador da ONU se dividia entre os grupos. É o que irá ocorrer nesta segunda-feira no momento de abordar as negociações políticas.

Lakhdar Brahimi obteve do regime a promessa de deixar que mulheres e crianças, perseguidos há meses no centro de Homs, abandonem a cidade.

Mas o anúncio foi recebido com ceticismo nos quartéis-generais rebeldes de Homs, onde a oposição exige garantias de que os civis não serão detidos pelo regime ao deixarem a cidade.

A ONU também espera que os comboios de ajuda humanitária possam entrar nos bairros rebeldes de Homs. Considerada frequentemente como o foco da revolução dos protestos, Homs pagou caro por sua oposição a Bashar al-Assad. Os bairros rebeldes são atacados desde junho de 2012 pelo exército regular, que os bombardeia regularmente, e milhares de sírios vivem ali em condições chocantes, sem alimentos ou remédios.

Os negociadores examinaram no domingo o problema dos prisioneiros e desaparecidos, um fenômeno que se amplificou desde que o movimento de protesto de março de 2011 se transformou em uma guerra civil sangrenta que deixou mais de 130.000 mortos e milhares de refugiados e deslocados.

A oposição afirma que possui uma lista de 47.000 pessoas detidas nas prisões do regime. Apresentou no decorrer das negociações uma primeira lista de 2.300 mulheres e crianças. "Se ocorrer uma mudança, a prioridade são as mulheres, as crianças e os idosos", declarou Monzer Aqbiq, porta-voz da delegação opositora.

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