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Fundo BlackRock nega negociação de vacinas com empresas brasileiras

Suposta negociação chegou a ser endossada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas laboratórios afirmam que governos e consórcios multilaterais tem prioridade nas tratativas

Vacina de Oxford deve começar a chegar ao país em janeiro (gett/Getty Images)

Vacina de Oxford deve começar a chegar ao país em janeiro (gett/Getty Images)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 13h40.

Última atualização em 28 de janeiro de 2021 às 13h41.

O fundo de investimentos BlackRock negou nesta quinta-feira (28) que esteja negociando a venda de 33 milhões de doses da vacinas de Oxford/Astrazeneca para um grupo de empresas privadas brasileiras. A negativa vem após executivos Coalizão Indústria (que reúne grandes empresas e entidades do setor) afirmarem que a suposta negociação não acontecia com a Astrazeneca - que também negou as tratativas -, mas sim com o fundo de investimentos, que é acionista do laboratório.

A BlackRock não tem nenhum acordo com nenhum fornecedor de vacinas Covid para adquirir doses de vacina e nunca se envolveu em quaisquer discussões relacionadas com o esforço das empresas brasileiras para adquirir a vacina AstraZeneca. Estes rumores são completamente falsos. Autoridades em todo o mundo já alertaram para esquemas relacionados com a suposta comercialização de vacinas, e é importante que as empresas e os governos se mantenham vigilantes.

Comunicado do fundo de investimentos BlackRock enviado à EXAME

Nesta semana, o grupo de empresários chegou a conversar com o presidente Jair Bolsonaro, que deu o aval do governo federal para a negociação. Em tese, metade das 33 milhões de doses supostamente negociadas iriam para o SUS, enquanto o restante seria usado pelo consórcio para imunizar parte dos seus funcionários.

Vale, JBS e Oi confirmaram que foram convidadas a sentar à mesa, mas recusaram. A Gerdau, cujo diretor jurídico estaria organizando o consórcio, negou liderança, mas confirmou participar das conversas. Ambev, Claro, Santander e Itaú afirmaram que a informação não procede e que não fazem parte do grupo.

A informação de que parte do setor privado buscava preencher as lacunas do governo federal na aquisição de vacinas, e o posterior aval de Bolsonaro à iniciativa causou estranhamento pois, neste primeiro momento, os laboratórios têm dado prioridade às negociações com governos e organizações multilaterais, como o consórcio Covax Facility. A aliança da OMS para compra de vacinas a países mais pobres, inclusive, tem o Brasil como integrante - o país adquiriu direitos de compra de doses para 10% da população, que complementa os acordos que o governo já tem com as fabricantes.

“No momento, todas as doses da vacina estão disponíveis por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais ao redor do mundo, incluindo da Covax Facility, não sendo possível disponibilizar vacinas para o mercado privado”, afirmou a Astrazeneca na última terça (26). O laboratório tem um acordo de transferência de tecnologia com a Fundação Oswaldo Cruz, que permitirá ao instituto brasileiro fabricar a vacina localmente. “Como parte do nosso acordo com a Fiocruz, mais de 100 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca (AZD1222) estarão disponíveis no Brasil, em parceria com o Governo Federal”.

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