Exame Logo

França: Fillon mantém candidatura, apesar de deserções

Fillon é suspeito de ter colocado a mulher e dois de seus filhos como funcionários fantasmas quando era parlamentar

O candidato conservador às eleições na França, François Fillon (Charles Platiau/Reuters)
A

AFP

Publicado em 4 de março de 2017 às 21h00.

Pressionado por todos os lados, o candidato da direita à eleição presidencial francesa, François Fillon, pediu a seus partidários neste sábado (4) que não se deixem "intimidar", depois da sangria de apoio na última semana e dos apelos crescentes por sua retirada da disputa.

"Esta campanha é um combate estranho", reconheceu Fillon, em um comício perto de Paris .

Veja também

"Querem intimidar vocês. Não desistam, não renunciem nunca", pediu, em uma reunião na qual também lembrou das linhas gerais de seu programa - redução de impostos e fim da semana de 35 horas de trabalho.

Correndo contra o relógio, Fillon tenta virar a página depois de ter anunciado na última quarta (1º) que poderia ser acusado na Justiça pelo escândalo dos cargos fantasmas de sua mulher, Penelope, e de seus dois filhos.

Segundo um jornal local, Penelope disse ter cumprido "tarefas muito variadas" quando esteve no cargo. Ela também aconselhou o marido a "continuar até o fim".

Desde então, 194 colaboradores abandonaram o barco, entre eles seu porta-voz e chefe de campanha, Thierry Solère, a apenas sete semanas do primeiro turno eleitoral, em 23 de abril.

Ontem, o partido de centro direita UDI também retirou seu apoio e pediu, "solenemente", uma mudança de candidato para evitar um "fracasso certo".

"Não são mais os ratos que abandonam o barco. É o barco que abandona o rato", ironiza o jornal "Libération", de esquerda, em editorial deste sábado.

Fillon é suspeito de ter colocado a mulher e dois de seus filhos como funcionários fantasmas quando era parlamentar. Ele admite um "erro", mas garante que tudo era "legal".

Na sexta-feira, a Polícia fez uma batida em sua mansão na Sarthe (no oeste da França), um dia depois de entrar em sua residência em Paris, informou à AFP uma fonte ligada ao caso.

Quem aparece como substituto é o ex-primeiro-ministro Alain Juppé, de 71 anos. Juppé, que perdeu no segundo turno das primárias da direita e de centro, "não fugirá" desde que se respeitem as seguintes condições: que François Fillon se retire por iniciativa própria e que seu partido político, Les Républicains, "o apoie de forma unânime", afirmou uma pessoa de seu círculo pessoal.

Apesar do ambiente hostil, o ex-primeiro-ministro (2007-2012) se mantém firme e não parece disposto a jogar a toalha. Em um vídeo divulgado ontem, convocou seus correligionários a aderirem em massa a uma manifestação de apoio à sua campanha, neste domingo, no centro de Paris.

Dividido entre partidários e críticos de Fillon, seu partido antecipou em 24 horas a realização de seu comitê político, que acontece nesta segunda-feira à tarde para "avaliar a situação".

Socialmente conservador e católico fervoroso, Fillon conta com o apoio do movimento Manif Pour Tous, que foi várias vezes às ruas contra a legalização do casamento homossexual na França, medida impulsionada pelo atual governo socialista.

Fiel à sua linha combativa - "suicida" para a direita, segundo seus adversários -, Fillon continuou sua campanha neste sábado, mas esse "capitão do Titanic", como também vem sendo chamado, enfrenta ventos cada vez mais desfavoráveis.

O tempo se esgota para encontrar uma solução alternativa para Fillon. Os candidatos têm até 17 de março para conseguir o apoio de 500 representantes locais necessários para participar das eleições.

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesFrança

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame