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Forças iraquianas avançam em Mosul e recomendam fuga de civis

As recomendações sobre a fuga das zonas foram feitas por meio de panfletos lançados pela aviação iraquiana

Iraque: a ofensiva para reconquistar Mosul teve início em outubro do ano passado (Alkis Konstantinidis/Reuters)

Iraque: a ofensiva para reconquistar Mosul teve início em outubro do ano passado (Alkis Konstantinidis/Reuters)

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AFP

Publicado em 29 de maio de 2017 às 13h18.

As forças iraquianas avançavam nesta segunda-feira na zona oeste de Mosul, em uma nova etapa da ofensiva contra vários bairros ainda sob controle do grupo Estado Islâmico (EI), e recomendaram a fuga dos civis.

"Nossas unidades continuam avançando e entraram nos bairros de Al-Saha al-Ula, Al-Zinjili e Al-Shifaa, além do hospital republicano", anunciou o porta-voz do Comando Conjunto de Operações (JOC), Yahya Rassul.

O EI utiliza "carros-bomba, atiradores e suicidas" para frear as forças iraquianas, afirmou à AFP.

Os bairros citados por Rassul ficam ao norte da Cidade Antiga de Mosul, ainda sob controle do EI, e representam o objetivo de uma ofensiva anunciada no sábado.

As forças iraquianas, apoiadas pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, iniciaram em outubro do ano passado uma ampla ofensiva para reconquistar Mosul, controlada pelo EI desde junho de 2014.

Desde o fim de janeiro as forças iraquianas controlam a zona leste da cidade. Em 19 de fevereiro iniciaram uma ofensiva para assumir o controle da zona oeste de Mosul.

Pela segunda vez em uma semana, a aviação iraquiana lançou panfletos sobre alguns bairros de Mosul que recomendam aos habitantes que fujam das zonas controladas pelo EI, informou nesta segunda-feira o JOC.

Esta recomendação à fuga contradiz as instruções adotadas há meses pelo exército, instruindo os civis a permanecer em suas casas durante os combates, com o objetivo de reduzir o número de deslocados e uma destruição em larga escala.

Este anúncio provocou "profunda preocupação" da ONG Save the Children. "Os apelos para que a população deixe o oeste de Mosul expõe os civis, principalmente as crianças, ao perigo de serem apanhados no fogo cruzado (...) O governo iraquiano deve garantir que os corredores sejam verdadeiramente seguros", ressaltou.

Questionado sobre a mudança de tática, Rassul justificou a decisão pela alta densidade populacional na zona oeste de Mosul, especialmente nas "áreas antigas", referindo-se à Cidade Velha.

A retomada desta área, um labirinto de ruas estreitas onde ainda residem centenas de milhares de civis, é particularmente difícil.

O acesso à "Cidade Velha está totalmente bloqueado pelo sul há algum tempo e nossas tropas estão agora presentes no norte e oeste", afirmou o porta-voz da JOC.

A parte oriental da zona oeste fica às margens do rio Tigre, que divide Mosul em dois.

A batalha de Mosul deslocou centenas de milhares de pessoas e causou a morte de dezenas de civis.

Os Estados Unidos reconheceram na quinta-feira passada o pior erro cometido pela coalizão desde o início de sua campanha de ataques aéreos contra o EI, com 105 civis mortos em um bombardeio em 17 de março.

A investigação militar americana atribuiu, no entanto, esse balanço ao EI, que havia colocado uma grande quantidade de explosivos no prédio visado pelo ataque. A "explosão secundária" derrubou todo o edifício, matando as 101 pessoas que haviam se refugiado lá, bem como quatro vizinhos, de acordo com o relatório da investigação.

O ministério do Interior iraquiano também anunciou o início de uma investigação sobre acusações de tortura, execuções sumárias e estupros por alguns soldados da Força de Reação Rápida (QRF) contra prisioneiros.

Foi em Mosul que caiu nas mãos dos extremistas em junho de 2014, que o líder do EI Abu Bakr al-Baghdadi proclamou um "califado" nos territórios ocupados no Iraque e na Síria em uma mesquita da Cidade Velha.

Mas sua queda, mesmo constituindo um grande revés para o EI, não acabaria com a guerra contra a organização extremista. Os combatentes da organização sunita ainda controlam territórios em três províncias iraquianas e continuam a realizar regularmente ataques em áreas do governo.

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