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Forças do governo avançam em direção ao centro de Lugansk

Uma das fortificações mais importantes dos separatistas pró-Rússia na Ucrânia está próxima de ser recuperada pelas forças de Kiev

Tropas ucranianas em Lugansk: combates chegaram ao centro da cidade (Valentyn Ogirenko/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2014 às 14h27.

Kiev - Lugansk, uma das fortificações mais importantes dos separatistas pró- Rússia no leste da Ucrânia , está próxima de ser recuperada pelas forças de Kiev após os combates chegarem nesta segunda-feira ao centro da cidade e após várias semanas de sítio.

"Libertamos um bairro de Lugansk e já há combates no centro da cidade", anunciou hoje em sua coletiva de imprensa o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia (CSND), Andrei Lisenko.

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Os sublevados, que ontem reconheceram que a guerra urbana chegou à cidade, na qual ainda permanecem 250 mil de seus 430 mil habitantes, negaram hoje que estejam ocorrendo enfrentamentos no centro de Lugansk.

O porta-voz dos separatistas de Lugansk, Konstantin Knirik, informou sobre intensos bombardeios com morteiros e mísseis contra o centro da cidade, e argumentou que o exército ucraniano não usaria a artilharia contra essa zona se seus soldados estivessem no local combatendo contra os rebeldes.

As autoridades municipais de Lugansk, escolhidas em eleições democráticos muito antes da rebelião pró-Rússia, confirmaram que o centro da cidade foi bombardeado nesta madrugada, por isso vários imóveis e o mercado central ficaram parcial ou totalmente destruídos.

"Morreram e ficaram feridos cidadãos pacíficos", lamentou a Assembleia Municipal da cidade, que reiterou que Lugansk já está há 17 dias sem água nem luz, comunicações, abastecimento de alimentos, remédios e combustíveis.

Segundo Kiev, pelo menos 17 moradores de Lugansk, entre eles mulheres e crianças, morreram ontem supostamente em ações dos rebeldes quando tentavam abandonar a cidade em uma coluna de caminhões militares assinalados com bandeiras brancas e outros distintivos que indicavam que transportavam civis.

"Ontem recolhemos no lugar de tragédia 15 corpos e outros dois chegaram ao hospital junto aos feridos", afirmou Lisenko, que também explicou que os trabalhos de resgate tiveram que ser suspensos pelos combates na zona.

Os caminhões com os refugiados foram atacados, segundo o porta-voz do CSND.

A morte dos refugiados ocorreu na saída de Lugansk, em uma estrada que une a cidade com a passagem fronteiriça ucraniana de Izvarino, que atravessa territórios controlados praticamente em sua totalidade pelos separatistas.

O outro lado de Izvarino, na passagem fronteiriça russa, segue estacionada há dias parte da ajuda humanitária russa destinada à população civil de Lugansk e de outras cidades na zona do conflito armado ucraniano.

A Cruz Vermelha, que assumiu a responsabilidade pelo carregamento, espera que o governo de Kiev e a população pró-Rússia deem garantias de segurança para assumir o transporte, a gestão e distribuição da ajuda humanitária russa.

Embora os sublevados tenham mostrado sua disposição para garantir a segurança do comboio, em Kiev os rebeldes foram responsabilizados por não oferecer essas garantias.

Apesar de uma larguíssima negociação e os acordos alcançados entre todas as partes envolvidas, ainda não há data para a entrada na Ucrânia do comboio russo, formado por 262 caminhões com 1.900 toneladas de alimentos, remédios, sacos de dormir e geradores elétricos.

Os caminhões, que cruzarão para a Ucrânia por Izvarino, em mãos dos separatistas, deverão passar por territórios controlados pelos rebeldes praticamente até sua entrada em Lugansk, por isso Kiev insiste que não pode garantir a segurança do comboio quando atravessar essas zonas.

Embora os eventos no terreno indique que há muito pouco espaço para a paz, nem sequer para negociações sobre um hipotético cessar-fogo, Kiev comemorou hoje a convocação de uma cúpula em Minsk com a participação do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, e do presidente russo, Vladimir Putin.

Ambos os líderes participarão em 26 de agosto da cúpula entre a União Aduaneira (Rússia, Belarus e Cazaquistão), União Europeia e Ucrânia, na qual poderiam inclusive manter uma reunião bilateral.

"Finalmente se marca uma roteiro que pode concluir com o fim da guerra e o caminho rumo à paz", escreveu em seu Facebook o vice-primeiro-ministro ucraniano, Valeri Chali.

Pouco depois, em um pronunciamento para a imprensa, Chali afirmou que "as próximas duas semanas serão determinantes" para o fim da guerra.

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