Mundo

Fome aumenta pelo 3º ano seguido na América Latina e afeta 6% da população

O país no qual a fome mais aumentou foi a Venezuela, onde o número de pessoas desnutridas disparou até 600 mil entre os anos 2014 e 2017

Mãos vazias: Brasil, Cuba e Uruguai são os três únicos países da região com porcentagens de pessoas com fome inferiores a 2,5% da população (Reprodução/Thinkstock)

Mãos vazias: Brasil, Cuba e Uruguai são os três únicos países da região com porcentagens de pessoas com fome inferiores a 2,5% da população (Reprodução/Thinkstock)

E

EFE

Publicado em 7 de novembro de 2018 às 14h38.

Santiago do Chile - A fome na América Latina e no Caribe aumentou em 2017 pelo terceiro ano consecutivo e se transformou em um problema que afeta 39,3 milhões de pessoas, ou 6,1% da população da região, anunciou nesta quarta-feira, 7, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês).

O país no qual a fome mais aumentou foi a Venezuela, onde o número de pessoas desnutridas disparou até 600 mil entre os anos 2014 e 2017, precisou a FAO.

Os números fazem parte do relatório "Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e no Caribe 2018", elaborado junto à Organização Pan-Americana da Saúde (OPS), Unicef e o Programa Mundial de Alimentos (WFP).

O documento destaca também que a obesidade se transformou na maior ameaça nutricional da América Latina, onde a cada ano há 3,6 milhões de obesos a mais e o sobrepeso afeta 250 milhões de pessoas, 60% da população da região.

O relatório, divulgado nesta quarta-feira na sede regional da FAO, em Santiago, destaca que a fome teve uma tendência em alta nos últimos anos, com um aumento de 200 mil pessoas desnutridas entre 2015 e 2016 e de 400 mil entre 2016 e 2017, números que mostram que "a velocidade da deterioração está aumentando".

Na Argentina, Bolívia e Venezuela, além disso, o número de pessoas desnutridas sobe ano a ano desde 2014. A situação é especialmente preocupante na Venezuela, onde há 3,7 milhões de habitantes subalimentados, 11,7% do total. O número de desnutridos nesse país passou de 1,1 milhão no biênio 2010-2012 a 3,7 milhões em 2015-2017, com o qual a Venezuela se aproxima na realidade vivida no início deste século e perde os avanços conquistados na década anterior, afirmou a FAO.

O Haiti continua sendo o país da região com uma maior incidência da fome com 5 milhões de pessoas, 45,7% de sua população, seguido do México com 4,8 milhões, equivalente a 3,8% dos habitantes. Apesar disto, Haiti e México, junto à Colômbia e República Dominicana, são os únicos quatro países latino-americanos nos quais a desnutrição diminuiu desde 2014.

Em outros 11 países, a quantidade de pessoas subalimentadas se manteve sem mudanças em 2017: Chile, Costa Rica, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, Jamaica, Nicarágua, Panamá, Paraguai e Peru.

Segundo o relatório, Brasil, Cuba e Uruguai são os três únicos países da região com porcentagens de pessoas com fome inferiores a 2,5% de sua população.

Além da fome, o sobrepeso e a obesidade se transformaram na principal ameaça nutricional da América Latina e do Caribe. Quase um de cada quatro adultos é obeso e o sobrepeso afeta 7,3% das crianças menores de cinco anos, acima da média mundial, que é de 5,6%, afirma o relatório.

"A obesidade está crescendo descontroladamente. A cada ano estamos somando 3,6 milhões de obesos a esta região. A situação é espantosa", afirmou o representante regional da FAO, Julho Berdegué, ao apresentar o documento.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCaribeFome

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia