FMI pede ajuda do G20 contra guerra cambial
O diretor-gerente do fundo disse que, para resolver esse conflito de interesses, países desenvolvidos e emergentes devem trabalhar em conjunto
Da Redação
Publicado em 7 de outubro de 2010 às 14h58.
Washington - O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, convidou os Estados-membros, e em particular o G20, a se sentar-se à mesa para tentar encontrar soluções para uma "guerra cambial" que ameaça os mercados.
A solução para a desvalorização do dólar e a supervalorização de moedas como o real, que levou o ministro das Finanças, Guido Mantega, a usar a expressão "guerra cambial", exige manter o espírito de unidade do grupo de países avançados e emergentes, disse Strauss-Kahn.
"Muitos falam de uma guerra cambial, eu mesmo usei esta expressão talvez um pouco militar demais. Mas é certo que muitos consideram sua moeda como uma arma e isto, certamente, não é para o bem da economia mundial", acrescentou, durante entrevista coletiva prévia ao início da reunião semestral do Fundo.
A responsabilidade recai, em particular, nos países emergentes que lutam, por sua vez, para ter um peso maior dentro do FMI.
"Acredito que é legítimo insistir no fato de que quanto mais voz e representação tiverem os países emergentes no Fundo, mas responsabilidade terão na estabilidade do sistema", informou.
"Você pode estar no centro do sistema, mas isto implica ter mais responsabilidade sobre o que se faz na economia mundial", acrescentou.
O Brasil reforçou, entre outras coisas, a tributação de capitais estrangeiros como parte de sua política para tentar combater a apreciação do real.
A China é a principal acusada nesta áspera luta que divide, basicamente, as moedas que flutuam livremente no mercado e as que estão sujeitas a controles governamentais.
O governo chinês começou, há meses, a deixar valorizar lentamente seu iuane, mas o próprio Mantega criticou em várias ocasiões esta situação.
Os Estados Unidos também criticaram a China, mas não deixam de ser duramente atacados pela União Europeia, que vê o euro voltar a se valorizar diante da moeda americana.
Intervir no mercado para modificar o curso de uma moeda não significa ter uma política contrária ao livre mercado, disse Strauss-Kahn ao ser perguntado sobre a China durante a coletiva.
Mas no fim das contas, "o preço de uma moeda é o preço de uma ação e tem que mudar" em função dos movimentos dos mercados, acrescentou.
Os países preocupados com a excessiva entrada de capitais externos, como o Brasil, têm todo o direito de tomar ações individuais, mas o diálogo deve prosseguir dentro do G20 (países industrializados e emergentes) para alcançar acordos, continuou.
"O impulso não está desaparecendo, está sim decrescendo, e todo mundo tem que ter em mente" a coordenação, pediu.
Os emergentes, afirmou, estão crescendo a taxas que superam amplamente as dos países ricos, e isto tem que ter um impacto em suas moedas.
Após a explosão da crise financeira do fim de 2008, os líderes do G20 celebraram até o momento três cúpulas para coordenar esta resposta de ações, mas a reforma da regulamentação internacional, entre outros assuntos, continua atravancada.
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