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Fim dos fogos de artifício? China se soma a países que impõem restrições em eventos especiais

Brasil é um dos países que têm limitações quanto o uso da pirotecnia - Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre são algumas das cidades que controlam o uso dos fogos

Enquanto os chineses se preocupam com os impactos que os fogos podem causar ao meio ambiente, no Brasil o olhar é voltado aos pets e autistas que sofrem com a poluição sonora (Divulgação: VCG / Colaborador/Getty Images)

Publicado em 30 de dezembro de 2023 às 14h33.

Última atualização em 30 de dezembro de 2023 às 15h35.

Autoridades chinesas debateram nesta sexta-feira o uso de fogos de artifício no Ano Novo Lunar, que será em fevereiro, de acordo com informações da Agência Reuters.

Desde 2017, dados do governo chinês mostram que mais de 400 cidades proibiram os fogos de artifício, como uma medida necessária para proteger o meio ambiente de fenômenos como poluição e incêndios - mas há locais que reduziram as restrições, permitindo fogos em datas específicas. Apesar de não ser uma discussão nova, segundo a Agência, neste ano o assunto voltou a repercutir após muitas cidades lançarem avisos de proibição da pirotecnia, nome dado ao uso de fogo e outras substâncias para produzir luzes e fumaça.

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A preocupação com o uso de fogos de artifícios tem relação com a poluição do ar nas grandes cidades como Pequim, que chegou a registrar uma média de 52,4 microgramas (µg) por metro cúbico (m3) de partículas poluentes, algo em torno de dez vezes maior que o limite recomendado OMS, segundo Alexandre Ratsuo Uehara, professor e coordenador de Relações Internacionais da ESPM.

“A imagem de Pequim coberta por uma nuvem amarelada de poluição foi muitas vezes noticiado internacionalmente. É fato que houve melhoria nos últimos anos, mas a política de redução desses poluentes na China continua, por isso, o debate sobre a proibição dos fogos. Os brasileiros também podem observar a grande quantidade de fumaça que fica no ar depois das queimas de fogos e juntos dessa fumaça estão os materiais que poluem o ar,” diz Uehara.

A origem dos fogos

Tradicionalmente, segundo Uehara, se atribui a descoberta da pólvora aos chineses, que utilizavam esse material para compor artefatos explosivos e ruidosos com a finalidade de afastar os maus espíritos, na dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) na China, segundo a IBRACHINA. Há cerca de mil anos, também de acordo com a IBRACHINA, os fogos já eram coloridos e eram utilizados para comemoração de vitorias em batalhas.

“Atualmente, apesar de muitos ainda serem favoráveis ao uso dos fogos no Ano Novo, poucos, praticamente ninguém mantem a ideia de utilizá-los para afastar os maus espíritos. Essa crença se desfez no mundo contemporâneo.”

O Ano Novo Lunar, também conhecido como Festival da Primavera, é um dos eventos mais importantes para os chineses, tanto que em uma pesquisa online realizada pelo Beijing Youth Daily e divulgada pela Reuters mostra que mais de 80% dos inquiridos expressaram apoio aos fogos de artifício durante o evento - que se tornou um feriado oficial no calendário da ONU.

O Ano Novo Lunar é um dos eventos mais importantes para os chineses (Divulgação: NurPhoto / Colaborador/Getty Images)

“É um evento que marca a saída do inverno que costuma ser muito rigoroso em vários lugares de China. Com isso é gerada uma esperança de uma nova e boa colheita, que era um ponto importante para os antigos,” diz Uehara.

As restrições para os fogos

Além da China, há outros países que têm restrições de uso de fogos de artifícios como Chile, Alemanha, Finlândia e Irlanda. “Nesses países os usos são restritos a períodos específicos e restritos ao manuseio de profissionais,” diz Uehara.

Não é apenas a poluição do ar que pode faz com que um país limite o uso dos fogos. A poluição sonora, que afeta pessoas e animais, também é um dos fatores. No Brasil há um Projeto de Lei que busca proibir em todo o território nacional o comércio de fogos e artefatos pirotécnicos que emitam qualquer tipo de som. Enquanto isso, as restrições estão sendo feitas no âmbito municipal e estadual, é o caso de Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e até do Rio de Janeiro que tem a tradicional queima de fogos de Copacabana, a qual não pode ultrapassar 120 decibéis em festas como o Ano Novo.

“Em vários lugares do Brasil os fogos não devem mais produzir sons para proteção dos animais, que muitas vezes não só ficavam assustados, mas chegavam a morrer,” diz Uehara.

O barulho dos fogos atinge também pessoas autistas, tanto que a Associação Nacional dos Empresários em Pirotecnia decidiu doar neste ano mais de 4 mil protetores auriculares para organizações que representam pessoas com autismo nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina.

Soma-se a isso o fato dos fogos de artifício serem perigosos. No Brasil e no mundo vários acidentes já ocorreram tanto na fabricação como usuários, com consequências bastante graves, que segundo Uehara, já chegaram a ser acidentes fatais.

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