Bercow: parlamentar favorecia a análise e o debate ao invés de permitir que o governo controlasse o processo de saída (Tom Dulat/Getty Images)
Reuters
Publicado em 30 de outubro de 2019 às 15h20.
Londres — O presidente da Câmara dos Comuns do Reino Unido, John Bercow, deixará o cargo na quinta-feira, encerrando um período de 10 anos durante o qual se tornou um nome central do prolongado debate sobre a separação britânica da União Europeia -- festejado pelos defensores da permanência do país na UE e hostilizado por muitos cidadãos pró-Brexit.
Bercow, encarregado de muitos debates e disputas processuais, anunciou sua aposentadoria no mês passado.
Suas repreensões altas e muitas vezes cáusticas a parlamentares mal-comportados e seus gritos de "Ordem! Ordem!" fizeram dele uma das figuras mais reconhecíveis da política britânica, inspirando vídeos que viralizaram na internet e foram repetidos em boletins de notícia.
Os três anos transcorridos desde que o Reino Unido votou pela desfiliação da UE testaram os limites da Constituição não escrita do país, à medida que sucessivos governos se chocaram com parlamentares rivais a respeito da maneira certa de deixar o bloco.
Bercow, de 56 anos, se viu, e às vezes se colocou, no centro de grandes momentos do cabo de guerra do Brexit entre o Legislativo e o Executivo, normalmente favorecendo a análise e o debate ao invés de permitir que o governo controlasse o processo de saída.
Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, fez um elogio implícito ao amante de tênis Bercow, descrevendo-o como não somente um árbitro "impiedoso" dos procedimentos parlamentares, mas um comentarista às vezes cruel e um jogador que tomava partido.
Bercow foi eleito como membro do Partido Conservador governista em 1997, mas abdicou da filiação ao ser escolhido por seus colegas como presidente da Câmara em 2009.