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Ferramentas financiadas pelos EUA ajudam a contornar a censura russa

Rede privada virtual (VPN) Psiphon, que permite contornar a censura, registrava cerca de 48.000 conexões por dia na Rússia.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, Moscou intensificou sua propaganda e restringiu drasticamente o acesso a fontes não oficiais de informação (dangutsu/Site Exame)

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, Moscou intensificou sua propaganda e restringiu drasticamente o acesso a fontes não oficiais de informação (dangutsu/Site Exame)

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AFP

Publicado em 4 de julho de 2022 às 07h28.

O governo dos Estados Unidos financia a criação de ferramentas de software para contornar a censura na Rússia, aplicativos que se tornaram essenciais para muitos ativistas e militantes que, de outra forma, poderiam ficar isolados do mundo.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, Moscou intensificou sua propaganda e restringiu drasticamente o acesso a fontes não oficiais de informação, ou seja, aos meios de comunicação que falam de guerra e não de uma "operação especial" contra "nazistas".

Leia também: Guerra na Ucrânia: Rússia diz controlar Lugansk após conquista de última cidade da região

No início do ano, a rede privada virtual (VPN) Psiphon, que permite contornar a censura, registrava cerca de 48.000 conexões por dia na Rússia.

Os acessos à Internet através desta VPN multiplicaram-se por 20 em meados de março, no período em que o governo russo baniu o Facebook, Instagram e Twitter. Hoje atinge uma média diária de 1,45 milhão de usuários, segundo afirma a própria rede.

"A única coisa que a televisão russa transmite é propaganda horrível que incita o ódio e a morte", diz Natalia Krapiva, jurista da ONG americana Access Now.

As ferramentas informáticas anti-censura se tornaram essenciais para consultar outras informações, mas também para se comunicar livremente com familiares e contatos mais próximos.

"Os programas devem ser fáceis de usar e seguros. Caso contrário, os usuários correm o risco de serem identificados e colocados sob vigilância", acrescenta a especialista.

Sem o apoio financeiro do governo americano, "simplesmente não teríamos os meios para fornecer ferramentas tão sofisticadas e, portanto, ter um impacto tão grande", diz Dirk Rodenburg, executivo da Psiphon.

O Psiphon, como os aplicativos Lantern e nthLink, é financiado pelo Open Technology Fund, um fundo do governo que destina de US$ 3 a 4 milhões por ano para apoiar VPNs em todo o mundo em nome da liberdade de expressão.

Lições da China

A organização confirmou à AFP que liberou fundos de emergência adicionais após a invasão russa da Ucrânia.

Segundo estimativas, cerca de quatro milhões de pessoas na Rússia atualmente usam essas três redes privadas para navegar na Internet gratuitamente, pois as sanções internacionais forçaram a retirada de serviços pagos do país.

“Não somos realmente uma VPN, mais uma ferramenta anti-censura”, disse um porta-voz do Lantern à AFP.

"As VPNs clássicas são criptografadas, para que os censores não possam ler o conteúdo consultado (...), mas são fáceis de bloquear por um país como a Rússia", explicou a fonte.

Psiphon e Lantern recorreram a métodos mais complexos "para garantir que nossos servidores não sejam detectados".

"Há dois anos, a China mudou seu nível, fez o possível para tentar bloquear tudo. Tínhamos que implementar novos protocolos toda semana. Então estávamos prontos para a Rússia."

Antes da guerra na Ucrânia, Moscou recorria à intimidação política de oponentes e não a métodos digitais.

"Eles não estavam prontos para bloquear nada", observa o porta-voz do Lantern. "Havia um claro paralelo entre a incompetência militar russa e a incompetência na internet."

Resistência russa

Sem redes VPN e outras ferramentas, seria impossível organizar a resistência russa.

"Há muita coisa acontecendo online, mas também na vida real", diz Krapiva. Militantes "espalham mensagens anti-guerra ou relatam meios legais para escapar do serviço militar, outros tentam bloquear trens que transportam equipamentos militares para a Ucrânia".

Não está claro se manter o acesso à internet global influencia a população russa além dos bolsões de resistência.

"A tecnologia não é uma solução mágica", reconhece Natalia Krapiva. "Mas é pior quando a internet é completamente censurada."

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