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Farc consideram difícil retomada de diálogos de paz

Líder do grupo armado disse que o governo destruiu confiança do processo de paz e que negociações não podem ser retomadas nas condições atuais


	Soldados das Farc, na Colômbia: negociações foram suspensas há uma semana
 (Serdechny / Wikimedia Commons)

Soldados das Farc, na Colômbia: negociações foram suspensas há uma semana (Serdechny / Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2014 às 13h56.

Bogotá - O líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como "Timochenko", afirmou nesta segunda-feira que o governo colombiano destruiu a confiança do processo de paz e que as negociações "não poderão ser tomadas da maneira que estão".

As negociações em Cuba foram suspensas há uma semana pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, após o sequestro de um general e de outras quatro pessoas.

Em um comunicado divulgado nesta segunda-feira, "Timochenko" disse que presidente não está respeitando as condições pactadas com as Farc para a libertação dos reféns.

Essas condições incluem a suspensão da atividade militar nas zonas previstas para a entrega dos reféns, algo que segundo o guerrilheiro não está sendo cumprido. O líder das Farc acusou Santos de organizar "paralelamente uma operação militar" que não respeita "o pactuado entre as duas partes".

"Como ocorre na mesa (de diálogo) e no processo, Santos pactua os protocolos, mas insiste em libertar pela força os prisioneiros, obstaculizando objetivamente o cumprimento daqueles. Ou seja, viola novamente o pactuado", afirmou no comunicado assinado nas "montanhas da Colômbia".

O líder afirmou que no departamento (estado) de Chocó, onde se espera a libertação do general e de seus dois acompanhantes, estão ocorrendo "sobrevoos, bombardeios e tiros de metralhadora" que "crescem em ferocidade".

"Insiste-se em um resgate pela força, talvez para precipitar uma desgraça que ninguém deseja. Essa é a verdadeira cara do regime", afirmou o líder guerrilheiro.

"Timochenko" afirmou que com a suspensão das negociações o presidente "derrubou o tabuleiro onde jogávamos a partida, destruiu a confiança", e ressaltou que "as coisas não poderão retomar assim como estão, pois será preciso fazer diversas considerações".

Além disso, considerou que o pedido de Santos para as Farc realizarem uma rápida libertação dos sequestrados "equivale a um sequestro do processo de paz", e que sua recusa a adotar um cessar-fogo bilateral, pedido por vários setores da sociedade na última semana, "evidencia que o processo de paz não é mais que um simples instrumento de uma estratégia final de guerra".

"Timochenko" destacou que o acordo de libertação dias depois do sequestro "é sem dúvida um marco em nosso modo de agir nesse tipo de situações", e que o governo responde com "irracionalidade absoluta".

No comunicado, o líder guerrilheiro destacou que os porta-vozes das Farc em Havana se reuniram com os mensageiros de Santos "em um gesto que muito poucos valorizam", e destacou o esforço do grupo para acertar protocolos de entrega "de maneira ágil".

Segundo indicaram nesta segunda-feira os negociadores da guerrilha em Havana, está previsto que amanhã os soldados César Rivera e Jonathan Díaz, sequestrados em 9 de novembro no departamento de Arauca, sejam libertados.

Para a entrega do general Rubén Darío Alzate e seus acompanhantes, o cabo Jorge Rodríguez e a advogada Gloria Urrego, não há por enquanto uma data definida.

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