Fome nas zonas rurais da África, Ásia ou América Latina impacta em outras partes do mundo (Oli Scarff/Getty Images)
EFE
Publicado em 3 de julho de 2017 às 10h26.
Roma - A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) advertiu nesta segunda-feira que o número de pessoas que passam fome no mundo aumentou de novo em 2017, ainda que os dados definitivos só sejam divulgados em setembro.
Durante a abertura da conferência da entidade, o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, adiantou que as informações que ele trazia não deviam ser surpresa para ninguém, no ano em que a fome foi declarada no Sudão do Sul e quando mais de 20 milhões de pessoas estão a ponto de morrer pela falta de alimentação nesse país, na Somália, na Nigéria e no Iêmen.
A situação é o oposto do desafio proposto à comunidade internacional em 2015 com a aprovação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Ele destacou que atualmente existem 19 países que sofrem crises prolongadas, todos eles imersos na violência, fatores que em muitos casos se combinam com a seca e outros efeitos da mudança climática. Ao todo, 60% das pessoas que sofrem de fome no mundo vivem em países afetados por conflito, segundo Silva, que insistiu em que para salvar vidas é preciso "salvar seus meios de vida".
Conforme explicou, a fome nas zonas rurais da África, Ásia ou América Latina impacta em outras partes do mundo, como ocorre com a migração e por isso é importante que os países desenvolvidos mantenha as contribuições à organização para a luta conjunta contra essa problema, e o chefe do Programa das As Nações Unidas para o Desenvolvimento, Achim Steiner, reiterou que a maioria dos 65 milhões de deslocados que existe no mundo está em países que não são da Europa.
Steiner pediu para que os efeito da mudança climática não sejam subestimados e clamou por mais solidariedade, vislumbrando um futuro sustentável para a agricultura, se quiser erradicar a fome e a pobreza. Segundo ele, é necessário apoiar os pequenos agricultores, que produzem 80% dos alimentos disponíveis no mundo, e investir neles como base para que as comunidades possam se autossustentar.
"Otimizar a economia agrícola talvez seja a melhor forma de ver a agricultura do futuro. Não é a maior produção possível o que gera uma segurança alimentar sustentável", alertou Steiner.
Mais de 1.000 participantes, entre ministros e outros importantes funcionários de governos, participaram esta semana da Conferência da FAO, que realiza a 40ª sessão e na qual se aprovará o seu plano de trabalho e orçamento.