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Famílias tentam fugir de bairros sitiados de Aleppo

O governo sírio acusou na terça-feira os rebeldes de reterem 250.000 civis do leste de Aleppo para "utilizá-los como reféns e escudos humanos"

Aleppo: no total, 143 civis, incluindo 19 crianças, morreram no leste de Aleppo em uma semana

Aleppo: no total, 143 civis, incluindo 19 crianças, morreram no leste de Aleppo em uma semana

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AFP

Publicado em 23 de novembro de 2016 às 17h57.

Uma centena de famílias tentava fugir da parte sitiada de Aleppo, enquanto as tropas do governo continuam avançando nesta área rebelde da segunda cidade da Síria, que querem reconquistar a qualquer preço.

Em meio à impotência internacional diante da determinação de Damasco e seus aliados russo e iraniano de acabar com toda a resistência de Aleppo, a França anunciou que irá reunir em dezembro os países ocidentais e árabes que apoiam a oposição síria.

O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, disse que era "urgente reagir" depois que o governo de Bashar al-Assad lançou há mais de uma semana uma grande ofensiva para reconquistar o leste de Aleppo, onde 250.000 civis estão sitiados.

Nesta parte, "uma centena de famílias se juntou na terça-feira à noite perto da divisão entre os bairros Bustan al-Basha (rebelde) e Sheikh Maqsood ", indicou à AFP Rami Abdel Rahmane, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Sheikh Maqsood é uma região ao norte da cidade nas mãos das forças curdas, que não apoiam nem o regime nem os rebeldes. Ela está localizada entre o oeste de Aleppo, sob o comando do governo, e a parte leste, controlada pelos rebeldes.

"Mas quando os civis tentavam passar para o outro lado, escutaram disparos", indicou Abdel Rahmane, que afirma se basear em fontes presentes no local.

"Reféns e escudos humanos"

Autoridades governamentais de Aleppo informaram que dez pessoas passaram na noite de terça-feira aos bairros do oeste da cidade, em um comunicado publicado no Facebook, que não detalhou como os civis conseguiram ir para o outro lado.

O governo sírio acusou na terça-feira os rebeldes de reterem 250.000 civis do leste de Aleppo para "utilizá-los como reféns e escudos humanos".

Determinado a qualquer preço conseguir a rendição da parte rebelde da cidade, cujo controle perdeu em 2012, o governo lançou panfletos pedindo aos rebeldes que deixassem a cidade, mas que permitissem que "os civis que desejassem partir" também o fizessem.

"Desejam utilizá-los como reféns e escudos humanos", afirmou o Exército.

Um grupo rebelde questionado pela AFP, Noredin al-Zinki, refutou as acusações qualificando-as como "boatos" espalhados pelo governo de Damasco.

"Essas informações não têm nada a ver com a realidade (...) O governo tenta a qualquer preço espalhar boatos para conter a determinação dos revolucionários e de quem os apoiam no seio da população de Aleppo", assegurou Yaser al-Yusef, do escritório político do grupo.

Há mais de uma semana, o Exército avança rapidamente no bairro de Masaken Hanano, o qual controla "quase metade", segundo Abdel Rahmane.

A tomada de Masaken Hanano permitiria ao governo cortar a parte rebelde de Aleppo em duas, isolando o norte do sul.

Dezenas de vítimas civis

No total, 143 civis, incluindo 19 crianças, morreram no leste de Aleppo em uma semana, e outros 16 civis, entre eles 10 crianças, morreram no oeste da cidade, como consequência dos disparos de rebeldes, segundo o OSDH.

O avanço das forças governamentais aumenta o desespero da população dos bairros nas mãos dos rebeldes em 2012. Seus habitantes não têm recebido abastecimentos de alimentos e nem são socorridos há mais de quatro meses.

O chefe das operações humanitárias da ONU, Stephen O'Brien, também denunciou o cerco de Aleppo, cujos habitantes "estão isolados, famintos, e estão sendo bombardeados para obrigá-los a se renderem ou fugir".

"É uma tática deliberada, uma forma cruel de castigo coletivo", sentenciou.

O Exército russo afirmou ter provas de que os rebeldes de Aleppo utilizam armas químicas e ofereceu fornecê-las à Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq).

A guerra na Síria, que já matou mais de 300.000 pessoas desde 2011, não parece mobilizar o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em entrevista na terça-feira ao New York Times, Trump se limitou a dizer que, sobre a Síria, ele tinha "uma perspectiva diferente da de todo mundo".

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