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Facebook vai banir anúncios políticos na semana da eleição nos EUA

Anúncio foi feito pela empresa nesta quinta-feira, 3. No passado, Zuckerberg havia dito que anúncios políticos seriam mantidos

Mark Zuckerberg: fuga de anunciantes do Facebook nos Estados Unidos e na Europa (Stephen Lam/Reuters)

Mark Zuckerberg: fuga de anunciantes do Facebook nos Estados Unidos e na Europa (Stephen Lam/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 3 de setembro de 2020 às 09h29.

Última atualização em 3 de setembro de 2020 às 12h27.

O Facebook disse que vai proibir anúncios políticos em sua plataforma na semana que antecederá a eleição presidencial dos Estados Unidos, em 3 de novembro.

A empresa divulgou a mudança nesta quinta-feira, 3, por meio de postagem na página do presidente e fundador Mark Zuckerberg. "Esta eleição não vai ser business as usual. Todos temos a responsabilidade de proteger nossa democracia", escreveu Zuckerberg (veja o comunicado completo abaixo). 

Em declarações no ano passado, o fundador do Facebook havia dito que estabelecer algum tipo de restrição a anúncios políticos poderia minar a liberdade de expressão.

Na prática, muitos anúncios ainda poderão ser exibidos. Segundo o comunicado, quem já tiver feito anúncios anteriormente ao período de proibição poderá continuar usando os conteúdos, que seguirão sendo mostrados.

O que será proibido é o pedido para impulsionar um novo anúncio político. Segundo o Facebook, não haverá tempo suficiente na semana da eleição para analisar potenciais problemas nos novos anúncios.

O objetivo é reduzir os possíveis conteúdos de desinformação antes do pleito. O presidente Donald Trump disputa a reeleição contra o democrata Joe Biden, e a eleição terá ainda votação para o Senado e governos de alguns estados.

 

 

No comunicado de hoje, o Facebook disse ainda que vai deletar conteúdos com "desinformação clara" sobre a covid-19 e também sobre a eleição. O comunicado traz poucos detalhes específicos sobre o tipo de conteúdo que será removido, mas, pela mensagem de Zuckerberg, a tendência é que sejam declarações falsas sobre a votação em si, como acusações de fraude. As regras valem também para o Instagram.

O Facebook ainda vai limitar o encaminhamento de mensagens no Messenger, ferramenta de chat acoplada à rede social. O limite de encaminhamento de mensagens já foi implementado em outra ferramenta de chat da empresa, o WhatsApp. O comunicado não especificou novas medidas para o WhatsApp, uma das plataformas mais usadas na eleição presidencial brasileira em 2018, mas com pouca penetração nos EUA.

A empresa afirmou que está trabalhando com autoridades eleitorais para entender quais alegações sobre o processo eleitoral são falsas e devem ser retiradas. Segundo Zuckerberg, esse tipo de retirada de conteúdo já começa a partir de agora e vai até o dia da eleição.

Serão proibidos, ainda, posts com candidatos afirmando ter vencido a eleição -- esse tipo de conteúdo só poderá ser publicado depois dos resultados oficiais.

No mês passado, Zuckerberg havia dito que divulgaria conteúdos para educar eleitores sobre votação pelo correio. A modalidade deve ser amplamente usada nestas eleições em meio à pandemia, mas que vem sendo criticada pelo presidente Donald Trump, que alega que ocorrerão fraudes.

Outro embate com Trump veio também no fim de julho, quando Facebook, Twitter e YouTube removeram um vídeo compartilhado pelo presidente e postado pelo site de extrema-direita Breitbart. No vídeo, médicos afirmavam que a cloroquina era a cura para o novo coronavírus -- o que não foi comprovado por estudos.

No comunicado de hoje, Zuckerberg também afirmou que o Facebook está fazendo uma campanha de incentivo para que eleitores americanos se cadastrem para votar (o que não é obrigatório no país).

Em um pronunciamento tido como histórico em novembro do ano passado, Zuckerberg disse na Universidade Georgetown que era contra remover anúncios políticos da plataforma para não minar a liberdade de expressão. Na época, a declaração foi feita logo após o Twitter, fundado por Jack Dorsey, anunciar que passaria a proibir anúncios políticos.

Nas últimas eleições presidenciais americanas, em 2016, as redes sociais foram acusadas de fazer pouco para conter a disseminação de notícias falsas em suas plataformas. O Facebook, em particular, foi depois descoberto envolvido no escândalo da Cambridge Analytica, com dados de seus usuários tendo sido usados por terceiros para impulsionar campanhas políticas e influenciar no resultado da eleição.

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