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Extrema-direita alemã busca união antes das legislativas

Além de enfrentar uma disputa interna, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) também vive uma queda de popularidade

Frauke Petry, líder do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (Adf) (Wolfgang Rattay/Reuters)

Frauke Petry, líder do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (Adf) (Wolfgang Rattay/Reuters)

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AFP

Publicado em 20 de abril de 2017 às 11h58.

Última atualização em 20 de abril de 2017 às 11h58.

O partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) organizará no fim de semana um congresso para tentar superar a guerra de líderes e adotar uma estratégia para as eleições legislativas de setembro.

O encontro dos delegados do AfD no sábado e domingo em Colonia (oeste da Alemanha) acontecerá em condições particulares, com um protesto que pode reunir até 50.000 pessoas e um dispositivo de segurança com 4.000 policiais.

No congresso do ano passado aconteceram distúrbios, atribuídos à extrema esquerda.

O partido se encontra em um momento de profunda divisão: de um lado estão os "realistas", que não desejam que o AfD seja assimilado pela extrema-direita, e do outro os defendem uma "oposição fundamental" ao sistema.

A disputa interna é acompanhada por uma queda de popularidade do partido, liberal no campo econômico e que se apresenta como anti-islã, eurocético e defensor dos valores familiares tradicionais.

Uma das líderes do AfD e representante da corrente "realista", Frauke Petry, 41 anos, atacou na quarta-feira os adversários em um vídeo.

"A imagem do AfD foi marcada pelas provocações extremas de alguns representantes", afirma Petry, grávida pela quinta vez, no vídeo, antes de declarar que "as tensões internas e os deslizes racistas criaram uma erosão drástica do potencial eleitoral" do partido.

Sem maioria no partido, ela propõe em um documento de 78 páginas uma estratégia de "Realpolitik" para levar o AfD ao poder em 2021.

Para demonstrar que esta não é uma ambição pessoal, Petry abriu mão de ser o primeiro nome da lista para as eleições legislativas de 24 de setembro.

Agora resta saber a reação do grupo dos 'intransigentes' do partido, entre eles Alexander Gauland, 76 anos, que tem muito apoio no leste da Alemanha, o grande reduto eleitoral do AfD.

Até o momento, Gauland conseguiu resistir aos ataques e impediu a expulsão de dirigentes do partido que fizeram declarações polêmicas sobre o nazismo.

O jornal Süddeutsche Zeitung citou um possível confronto ou até mesmo uma cisão do AfD durante o congresso.

O AfD registrou um avanço nas pesquisas em 2015 e 2016, quando a chanceler Angela Merkel abriu as fronteiras a mais de milhão de solicitantes de asilo.

Mas nos últimos meses registrou uma queda nas intenções de voto para 8-11%, o que continua sendo um nível histórico para um partido deste tipo na Alemanha do pós-guerra.

Um dos sonhos do partido é virar a terceira força política do país, atrás da CDU de Merkel e do social-democrata SPD.

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