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Expansão irlandesa no trimestre mascara fraqueza do PIB

País precisa de crescimento sólido ea médio prazo para convencer investidores céticos e não se tornar uma nova Grécia

A demanda interna declinou 1,9%, a pior queda em dois anos (Jussi Ekholm/Stock.xchng)

A demanda interna declinou 1,9%, a pior queda em dois anos (Jussi Ekholm/Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2011 às 13h19.

Dublin - A economia irlandesa se recuperou fortemente no primeiro trimestre, já que exportações robustas e o lucro de multinacionais baseadas na Irlanda compensaram a fraca demanda dos consumidores no país, um dos mais atingidos pela crise de endividamento na zona do euro.

A Irlanda precisa de crescimento sólido e equilibrado a médio prazo para convencer investidores céticos de que pode evitar chegar à situação da Grécia e ter de pedir um segundo pacote de ajuda à União Europeia e Fundo Monetário Internacional (FMI), ao empurrar para a frente uma dívida que quadruplicou.

Dados divulgados nesta quinta-feira mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) saltou 1,3 por cento em relação ao último trimestre do ano passado, descontados os efeitos sazonais, o que excedeu de longe as previsões de expansão de 0,8 por cento.

Economistas dizem que essa alta - considerando que a taxa revisada do trimestre anterior foi de queda de 1,4 por cento - foi impulsionada pela demanda externa, já que o revigoramento do mercado interno ainda parece um cenário distante.

A demanda interna declinou 1,9 por cento no trimestre, a pior queda em dois anos, ao mesmo tempo que as exportações aumentaram 20 por cento em relação ao mesmo período em 2010.

"Nós sempre dissemos que o crescimento inicial seria conduzido pelas exportações, e é isso que está acontecendo agora", disse a jornalistas o ministro das Finanças, Michael Noonan.

Noonan declarou que as informações são muito encorajadoras, "embora não se possa erguer uma casa com base em números do primeiro trimestre".

Ele espera que uma iniciativa que está sendo lançada pelo governo para criar empregos, a qual inclui mudanças na lei e um pacote de estímulo de 470 milhões de euros, impulsionem a economia doméstica no fim do ano.

Saindo do buraco

 "No geral, os números continuam a indicar que nós estamos saindo com força do fundo do poço. Não há sinais reais de crescimento da economia como um todo no curto prazo por causa da resistência da demanda doméstica", disse Dermot O'Leary, economista da Goodbody Stockbrokers.


"Temos uma economia que este ano ficará estagnada. O PIB poderá ficar levemente para cima. Acho que o governo está muito otimista".

O governo da Irlanda, que tem como meta um crescimento médio de 2,3 por cento na economia entre 2011 e 2014, quer tentar voltar ao mercado de empréstimos no fim do ano que vem, mas a atual situação dos mercados indica que isso será muito difícil.

O prêmio que os investidores querem receber por títulos irlandeses praticamente triplicou nos últimos 12 meses, apesar de o governo da Irlanda ter concordado em novembro com um pacote de ajuda do FMI-UE de 85 bilhões de euros (121,8 bilhões de dólares), para pôr fim à crise no país.

"Não há reação positiva nos preços dos títulos", disse o corretor Gavin Curran,da Dolmen Securities. "Os números são de prazo muito curto para se prever muita coisa." Considerando o PNB (Produto Nacional Bruto), que exclui lucros de multinacionais com sede na Irlanda, a economia encolheu 4,3 por cento. A maioria dos economistas considera que o PNB apresenta um quadro mais preciso da economia irlandesa.

"É um pouco confuso porque temos o PIB e o PNB indo em direções separadas, mas basicamente o que isso significa é que se tem duas economias separadas. Há o setor exportador se saindo bem e a demanda interna continuando a enfraquecer", disse O'Leary.

Os credores da Irlanda no FMI e na UE usam o PIB para calcular a dívida do país e a meta de déficit; portanto, qualquer melhora no que se refere ao PIB, independentemente das condições no país, é boa notícia para o governo.

As revisões oficiais significam que a economia da Irlanda encolheu no ano passado 0,4 por cento, pela medição do PIB. Isso foi muito melhor do que uma estimativa de 1 por cento, divulgada em março, mas ainda assim é o segundo pior desempenho na zona do euro, só perdendo para a Grécia.

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