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Ex-preso de Guantánamo em greve de fome inicia reidratação

Para iniciar o tratamento, o ex-detento teve que assinar atas de consentimento onde estavam explícitos os passos a seguir durante todo o procedimento

Diyab: "Diyab segue fortemente abatido, mas está melhorando graças à ingestão de líquido" (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2016 às 17h34.

Montevidéu - Jihad Diyab, o ex-detento do presídio de Guantánamo refugiado no Uruguai que realiza uma greve de fome para exigir uma reunião com sua família em outro país, já começou um tratamento de reidratação com apoio do Sindicato Médico do Uruguai (SMU), informaram nesta quarta-feira fontes da entidade.

"Diyab segue fortemente abatido, mas está melhorando graças à ingestão de líquido", afirmou Julia Galzerano, médica da Comissão de Direitos Humanos do SMU, que começou a tratar o refugiado depois que este aceitou se hidratar pelo prazo de uma semana.

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Segundo a especialista, o plano de recuperação consiste em "começar com a ingestão de água por uns dias, depois sucos e chegar até que tome alguns caldos salgados".

Com a suspensão da "greve seca", o Grupo de Apoio a Jihad Diyab, um grupo de pessoas próximas ao refugiado, entrou em contato com o SMU para que fossem analisar seu estado físico e, em assembleia, a Comissão de Direitos Humanos do sindicato decidiu "monitorar a situação sempre que Diyab esteja totalmente lúcido".

De fato, para iniciar o tratamento que hidratará seu corpo, o ex-detento teve que assinar atas de consentimento onde estavam explícitos os passos a seguir durante todo o procedimento.

Alejandra de Bittencourt, integrante do grupo de apoio, disse em entrevista coletiva na segunda-feira passada que Diyab "aceitou começar a hidratar-se, em um lapso de uma semana até a próxima segunda-feira (26), quando volta a se reunir com (Christian Mirza), seu nexo com o governo".

Segundo os ativistas, o sírio aceitou a medida a pedido deles, que o instaram a voltar a tomar líquidos após cerca de duas semanas para "ganhar tempo" nas negociações, embora mantenha sua postura de não consumir alimentos.

No entanto, Mirza declarou ontem que "o governo uruguaio não aceita o lugar" proposto pelo ex-prisioneiro, e que, para as autoridades, o dia 26 "não é uma data limite".

"No dia 26 volto a me reunir com ele com a finalidade de seguir conversando e avançando em uma possível solução", comentou.

Diyab realiza há mais de um mês uma greve de fome e nas últimas duas semanas também não ingeriu líquidos para reivindicar que lhe permitam reunir-se com sua família em um país diferente do Uruguai, preferencialmente árabe ou de confissão muçulmana.

O refugiado deixou o Uruguai em junho, e no fim do mês seguinte se apresentou no consulado uruguaio em Caracas, onde pediu apoio a suas reivindicações, mas na saída da sede diplomática foi detido por autoridades da Venezuela e deportado ao Uruguai semanas depois.

Em seu caminho à Venezuela, Diyab passou pelo Brasil, quando causou o alerta das autoridades, que temiam a realização de um atentado durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Junto com outros três sírios, um tunisiano e um palestino, Diyab foi recebido no Uruguai em dezembro de 2014 como parte do compromisso do então presidente do país, José Mujica, de colaborar com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no plano de fechamento da penitenciária de Guantánamo.

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