Ex-deputada venezuelana diz que governos devem ouvir Igreja
Ela defendeu a proposta de que o governo venezuelano apresente à Igreja Católica uma solicitação formal para que a mesma faça a intermediação da crise política
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2014 às 06h37.
São Paulo - A ex-deputada de oposição da Venezuela , María Corina Machado, afirmou em entrevista ontem, quinta-feira, em São Paulo que os governos da América Latina deveriam ouvir a Igreja Católica de seu país, que se mostrou disposta a mediar um diálogo entre o governo do presidente Nicolás Maduro e os líderes da oposição.
"É muito importante ler e reler com atenção o comunicado emitido pela Conferência Episcopal Venezuelana (CEV). O mundo, em particular os governos democráticos da América Latina, deveria escutar o que a Igreja venezuelana diz", afirmou María Corina em entrevista para a Agência Efe em um hotel de São Paulo.
A CEV classificou o governo de Maduro como "totalitário" na última quarta-feira, mas disse estar disposta a mediar um diálogo entre governo e oposição para "apaziguar" a onda de protestos no país.
Representantes da CEV explicaram em entrevista coletiva em Caracas que o governo venezuelano deve apresentar à Igreja Católica uma solicitação formal para que a mesma faça a intermediação do conflito, depois que Maduro aceitou que o secretário de Estado do Vaticano e ex-núncio apostólico em Caracas, Pietro Parolin, atue como mediador no diálogo.
"A Igreja foi muito clara. Não aceitaremos um pedido de diálogo que seja mais uma enganação. É preciso acabar primeiro com a repressão", destacou María Corina.
Apesar das reivindicações da oposição, que exige para o diálogo a libertação dos "presos políticos" liderados por López e a restituição dos cargos aos legisladores e prefeitos cassados, a opositora insistiu que a "causa" do movimento nas ruas continua sendo a mesma.
"Desde o primeiro dia, e até quando alcançarmos nosso objetivo, a causa é a mesma: democracia e liberdade. A causa reivindicada pelos estudantes que fizeram um pedido de consciência aos venezuelanos. É a mesma causa, porque queremos mudar o modelo de sociedade", disse.
Nesse sentido, María Corina insistiu que existem mecanismos "democráticos e constitucionais, respaldados pela Constituição, para resolver uma crise política desta magnitude: o referendo revogatório, a emenda constitucional, a Assembleia Nacional Constituinte e a renúncia do presidente".
María Corina foi destituída de seu cargo como deputada por supostamente violar a Constituição da Venezuela quando aceitou ser credenciada como represente alternativa do Panamá na Organização dos Estados Americanos (OEA) no último dia 20.
Assim como fez em Brasília, María Corina insistiu em São Paulo que a União das Nações Sul-americanas (Unasul) oferece dúvidas sobre a sua credibilidade em uma possível mediação.
"Na reunião de presidentes da Unasul do dia 19 de abril (de 2013) em Lima, por causa das eleições presidenciais na Venezuela que foram amplamente questionadas, o senhor Maduro se comprometeu a fazer uma auditoria completa dos votos. Algo que não fez e, novamente, não cumpriu com sua palavra", destacou a líder opositora.
Segundo María Corina, "os presidentes da Unasul se comprometeram a enviar uma missão para a Venezuela com o objetivo de investigar os episódios de violência nas últimas eleições e ainda estamos esperando por ela. Com essa atitude, esperam que o povo da Venezuela confie na objetividade da Unasul em uma decisão tão crucial?", questionou.
Em resposta à desconfiança da ex-deputada, Brasil e Chile, através de seus chanceleres, Luiz Alberto Figueiredo e Heraldo Muñoz, respectivamente, defenderam nesta quinta-feira em uma reunião em Brasília as ações tomadas pela Unasul para promover o diálogo político na Venezuela.
Paralelamente à visita de María Corina a São Paulo, Figueiredo e seus colegas da Colômbia, María Ángela Holguín, e Equador, Ricardo Patiño, foram convidados "de maneira particular" pela Unasul para uma reunião na próxima semana em Caracas.
O encontro, conforme Patiño afirmou em Quito, tem o propósito de favorecer o diálogo e, apesar de ser uma convocação específica para esses três países, se trata de um "convite amplo" e aberto aos "outros chanceleres que queiram comparecer".
María Corina Machado será recebida nesta sexta-feira pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
São Paulo - A ex-deputada de oposição da Venezuela , María Corina Machado, afirmou em entrevista ontem, quinta-feira, em São Paulo que os governos da América Latina deveriam ouvir a Igreja Católica de seu país, que se mostrou disposta a mediar um diálogo entre o governo do presidente Nicolás Maduro e os líderes da oposição.
"É muito importante ler e reler com atenção o comunicado emitido pela Conferência Episcopal Venezuelana (CEV). O mundo, em particular os governos democráticos da América Latina, deveria escutar o que a Igreja venezuelana diz", afirmou María Corina em entrevista para a Agência Efe em um hotel de São Paulo.
A CEV classificou o governo de Maduro como "totalitário" na última quarta-feira, mas disse estar disposta a mediar um diálogo entre governo e oposição para "apaziguar" a onda de protestos no país.
Representantes da CEV explicaram em entrevista coletiva em Caracas que o governo venezuelano deve apresentar à Igreja Católica uma solicitação formal para que a mesma faça a intermediação do conflito, depois que Maduro aceitou que o secretário de Estado do Vaticano e ex-núncio apostólico em Caracas, Pietro Parolin, atue como mediador no diálogo.
"A Igreja foi muito clara. Não aceitaremos um pedido de diálogo que seja mais uma enganação. É preciso acabar primeiro com a repressão", destacou María Corina.
Apesar das reivindicações da oposição, que exige para o diálogo a libertação dos "presos políticos" liderados por López e a restituição dos cargos aos legisladores e prefeitos cassados, a opositora insistiu que a "causa" do movimento nas ruas continua sendo a mesma.
"Desde o primeiro dia, e até quando alcançarmos nosso objetivo, a causa é a mesma: democracia e liberdade. A causa reivindicada pelos estudantes que fizeram um pedido de consciência aos venezuelanos. É a mesma causa, porque queremos mudar o modelo de sociedade", disse.
Nesse sentido, María Corina insistiu que existem mecanismos "democráticos e constitucionais, respaldados pela Constituição, para resolver uma crise política desta magnitude: o referendo revogatório, a emenda constitucional, a Assembleia Nacional Constituinte e a renúncia do presidente".
María Corina foi destituída de seu cargo como deputada por supostamente violar a Constituição da Venezuela quando aceitou ser credenciada como represente alternativa do Panamá na Organização dos Estados Americanos (OEA) no último dia 20.
Assim como fez em Brasília, María Corina insistiu em São Paulo que a União das Nações Sul-americanas (Unasul) oferece dúvidas sobre a sua credibilidade em uma possível mediação.
"Na reunião de presidentes da Unasul do dia 19 de abril (de 2013) em Lima, por causa das eleições presidenciais na Venezuela que foram amplamente questionadas, o senhor Maduro se comprometeu a fazer uma auditoria completa dos votos. Algo que não fez e, novamente, não cumpriu com sua palavra", destacou a líder opositora.
Segundo María Corina, "os presidentes da Unasul se comprometeram a enviar uma missão para a Venezuela com o objetivo de investigar os episódios de violência nas últimas eleições e ainda estamos esperando por ela. Com essa atitude, esperam que o povo da Venezuela confie na objetividade da Unasul em uma decisão tão crucial?", questionou.
Em resposta à desconfiança da ex-deputada, Brasil e Chile, através de seus chanceleres, Luiz Alberto Figueiredo e Heraldo Muñoz, respectivamente, defenderam nesta quinta-feira em uma reunião em Brasília as ações tomadas pela Unasul para promover o diálogo político na Venezuela.
Paralelamente à visita de María Corina a São Paulo, Figueiredo e seus colegas da Colômbia, María Ángela Holguín, e Equador, Ricardo Patiño, foram convidados "de maneira particular" pela Unasul para uma reunião na próxima semana em Caracas.
O encontro, conforme Patiño afirmou em Quito, tem o propósito de favorecer o diálogo e, apesar de ser uma convocação específica para esses três países, se trata de um "convite amplo" e aberto aos "outros chanceleres que queiram comparecer".
María Corina Machado será recebida nesta sexta-feira pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.