EUA vota para liberar bancos a financiar indústria da maconha
Com a legislação atual, instituições financeiras evitam o negócio temendo riscos legais. Mercado faturou 10 bilhões de dólares em 2018
Da Redação
Publicado em 26 de março de 2019 às 06h22.
Última atualização em 26 de março de 2019 às 06h46.
A maconha já é um grande negócio nos Estados Unidos , mas pode subir de patamar nesta terça-feira. O comitê de serviços financeiros da câmara de deputados dos Estados Unidos irá se reunir hoje para votar uma proposta de lei que regula a participação de bancos como prestadores de serviço a empresas que comercializam cannabis para uso recreativo e medicinal. Apesar da crescente aprovação do uso da maconha no país, com a legislação que vigora hoje, instituições financeiras evitam participar do negócio temendo consequências legais.
A votação que acontecerá hoje ocorre apenas seis semanas após o projeto de lei ter sido concebido, o que cria a expectativa de que, ao menos no comitê de finanças da câmara, o texto seja aprovado. O texto ainda será levado ao Senado, cujo a aprovação promete ser mais difícil.
Mesmo que o projeto de lei seja aprovado em todas as instâncias e passe a valer, muitas questões ficarão em aberto. Embora a cannabis já tenha sido regularizada para consumo recreativo ou medicinal para cerca de 62% da população dos EUA, num somatório de 30 estados, a ausência de uma lei federal sobre a legalização da maconha faz com que as instituições financeiras, principalmente as de capital aberto, evitem mergulhar no lucrativo mercado.
“A maioria dos bancos de capital aberto continuará a evitar atividades relacionadas à maconha até que a droga seja legalizada em nível federal”, disse Nathan Dean, analista sênior da Bloomberg Intelligence, sobre a possível aprovação da lei, que ficou conhecida como Safe Act.
Ontem, frustrando as expectativas do governador de Nova Jersey Philip D. Murphy, o partido democrata não conseguiu obter o quórum necessário para legalizar o uso recreativo da maconha no estado, promessa que havia sido feita ainda durante a campanha de Murphy.
Segundo a empresa de pesquisas New Frontier Data, o mercado da maconha legal faturou 10 bilhões de dólares nos Estados Unidos em 2018, com 250.000 empregos diretos gerados pelos país. Até mesmo gigantes como as fabricantes de bebidas Coca-Cola e ABInBev demonstraram interessem em criar produtos para o nicho. A previsão é que o mercado cresça 60% em 2019. Na última sexta-feira, a Medmen, empresa de capital aberto especializada em maconha, recebeu um aporte financeiro de 250 milhões de dólares de um único investidor.