EUA suspendem entrevistas com refugiados e esperam ação de Trump
Medida equivale a uma pausa em ingressos futuros de refugiados nos EUA, já que as entrevistas são uma etapa crucial do processo
Reuters
Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 08h48.
Washington - O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos suspendeu temporariamente as viagens de seus funcionários para entrevistar refugiados no exterior, enquanto aguarda uma provável reformulação da política de refugiados pelo presidente Donald Trump, disseram duas fontes a par da decisão na quinta-feira.
Na prática, essa medida equivale a uma pausa em ingressos futuros de refugiados nos EUA, dado que as entrevistas são uma etapa crucial de um processo que com frequência demora anos.
A decisão do departamento de interromper as viagens foi comunicada aos envolvidos no processo de ingresso de refugiados na quarta-feira, segundo uma das fontes.
Isso significa que, embora Trump ainda não tenha ordenado uma suspensão temporária do programa de refugiados, as entradas futuras provavelmente serão adiadas.
Trump deve assinar um decreto presidencial que incluirá uma proibição temporária para todos os refugiados e uma suspensão de vistos para cidadãos da Síria e de outros seis países do Oriente Médio e da África.
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse a repórteres na quinta-feira que Trump pode assinar vários decretos nesta sexta-feira, mas que a natureza destes ainda não foi decidida.
Becca Heller, diretora do Projeto de Assistência Internacional a Refugiados do Centro Urbano de Justiça, em Nova York, disse ter sido informada por várias pessoas de dentro e de fora do governo sobre a decisão de suspender as entrevistas no exterior.
O Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA, que é parte do Departamento de Segurança Interna e que realiza as entrevistas, disse, por meio de um porta-voz, que a agência adiou "uma série de viagens próximas", mas que estas não foram "canceladas oficialmente".
Autoridades do Departamento visitam regularmente países como Jordânia, Malásia, El Salvador, Quênia e Etiópia para entrevistar refugiados que desejam entrar nos EUA. Normalmente este é um dos últimos passos do processo de reassentamento de refugiados.
Heller disse que a decisão de interromper as entrevistas irá causar atrasos no processamento de refugiados mesmo se Trump decidir manter o programa ou reiniciá-lo depois de uma interrupção temporária.
"Anteriormente, quando congelamos o programa de refugiados para reexaminar questões de segurança, foi realmente importante continuar o processamento mesmo que você não possa receber pessoas, porque os tempos de processamento deste programa podem chegar a dois ou três anos", disse Heller.