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EUA falharam em barrar estrangeiros de se juntarem ao EI

Enquanto Obama falava na ONU sobre o combate ao EI, um explosivo relatório do Congresso pontua como o país não está conseguindo interromper fluxo de jihadistas


	Militantes do Estado Islâmico pelas ruas de Raqqa, na Síria: estima-se que 25 mil estrangeiros tenham se juntado ao grupo desde 2011
 (Reuters)

Militantes do Estado Islâmico pelas ruas de Raqqa, na Síria: estima-se que 25 mil estrangeiros tenham se juntado ao grupo desde 2011 (Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 29 de setembro de 2015 às 16h45.

São Paulo – Enquanto o presidente Barack Obama se preparava para liderar uma discussão na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as estratégias para o combate ao Estado Islâmico (EI), um comitê bipartidário do Congresso divulgou um explosivo relatório que cravou que o país falhou em barrar americanos de se juntarem a grupos extremistas em países que são hoje alvo de conflitos, como a Síria e o Iraque.

E o relatório alerta: a velocidade com a qual americanos estão sendo radicalizados está hoje sobrecarregando a capacidade das autoridades de monitorar e interceptar suspeitos de ataques terroristas. “Os EUA não têm uma estratégia nacional para o combate de jihadistas e não produziu sequer uma em dez anos”, criticaram.

O documento é resultado de uma pesquisa conduzida por seis meses e diz ser uma das maiores análises já feitas sobre a estratégia de combate ao terrorismo no pós-11 de setembro. Sua publicação foi realizada com o aval do Congresso do país e da Casa Branca. 

Jihadistas gringos

A pesquisa contém dezenas de constatações, como o perfil dos jihadistas estrangeiros que se juntaram a grupos extremistas, os métodos mais recorrentes para o recrutamento dessas pessoas e as dicas que os recrutadores dão para uma viagem tranquila e despercebida aos olhos das autoridades.

Uma das dicas é que o futuro combatente dê preferência para a compra de passagens para lugares turísticos que não despertem suspeitas e que só de lá sigam para a Turquia. Um americano que foi para a Síria, revelou o relatório, comprou uma passagem só de ida para a Grécia com escala em Istambul. Mais tarde descobriu-se que ele jamais embarcou para o seu destino final.

Desde 2011, mostrou a investigação, 25 mil estrangeiros viajaram para países turbulentos com esse objetivo. Desse total, 4.500 vêm de países ocidentais e 250 são cidadãos americanos.

“Estamos testemunhando a maior convergência global de jihadistas na história”, pontua o relatório. ”Muitos foram lutar contra Bashar al-Assad na Síria, mas a maioria agora está se alistando ao EI inspirados em fazer parte do seu califado e da expansão de sua sociedade repressiva”.

Uma solução? Bom, ainda segundo o relatório, a interrupção do fluxo de estrangeiros depende também da capacidade de o mundo conseguir lidar com os problemas desses locais em suas origens “e, no longo prazo, prevenir a ressurgimento de santuários terroristas”. 

Deserção

Ao mesmo tempo em que o fluxo de jihadistas para o EI parece não dar sinais de que cessará tão logo, um estudo recente conduzido pela The International Centre for Study of Radicalisation and Political Violence da King’s College London notou o surgimento de um movimento de desertores do grupo.

De acordo a pesquisa, algumas razões dadas por ex-combatentes para o abandono tinham um tom de desilusão. Muitos se decepcionaram ao perceber que a luta contra Assad não era prioridade e criticaram a violência contra os muçulmanos sunitas. Outros disseram ter se desapontado com a qualidade de vida nos territórios do EI e temiam missões suicidas. 

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