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EUA: fala sobre aborto atrapalha republicanos no senado

Akin se desculpou novamente nesta terça-feira em um anúncio televisivo por seus comentários que diferenciavam o estupro "autêntico", de outros tipos que não especificou

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2012 às 18h30.

Washington - Por causa de declarações polêmicas sobre aborto e estupro, o congressista conservador Todd Akin complicou a situação dos republicanos que pretendiam voltar a controlar o Senado dos Estados Unidos e obrigou o virtual candidato presidencial de seu partido, Mitt Rommey, a definir sua postura sobre um tema sempre controverso.

Akin se desculpou novamente nesta terça-feira em um anúncio televisivo por seus comentários que diferenciavam o estupro "autêntico", que segundo ele raramente gera uma gravidez, de outros tipos de estupro que não especificou.

"O estupro é um ato maléfico. Usei as palavras equivocadas de um modo errado", diz Akin no anúncio intitulado "Perdão" após já ter se desculpado ontem em entrevista de rádio. No entanto, seu partido continua pedindo que se retire da disputa por uma cadeira no Senado.

O virtual candidato republicano a vice-presidente, Paul Ryan, que telefonou para Akin na segunda-feira à noite, segundo a televisão "NBC", e as organizações do movimento direitista Tea Party, que até o momento eram fiéis ao congressista, também aderiram às pressões.

Além disso, o Comitê Nacional Republicano para o Senado informou que vai retirar seu respaldo financeiro e de organização a Akin. O comitê de ação política American Crossroads, um dos maiores grupos afiliados aos republicanos, também suspenderá seus anúncios de apoio no Missouri.

Akin tem até a noite desta terça para renunciar voluntariamente e permitir a seu partido apresentar outro candidato para lutar pela cadeira pelo Missouri.

Atualmente os democratas têm 51 cadeiras no Senado e costumam contar com o apoio de dois senadores independentes. Os republicanos têm 47 cadeiras.


"Quero deixar uma coisa absolutamente clara. Vou continuar na corrida pelo Senado", insistiu Akin nesta terça em uma entrevista ao programa radiofônico do ex-governador de Arkansas, Mike Huckabee.

Também voltou a expressar sua oposição ao aborto sem exceções, disse que recebeu apoio de pequenos doadores e citou uma enquete, da qual não deu dados, que lhe dá "um ponto de vantagem" sobre sua adversário no Missouri, a democrata Claire McCaskill.

Alguns analistas apontam inclusive que a permanência de Akin na disputa pelo Senado pode prejudicar Romney nas eleições presidenciais no Missouri, estado no qual o republicano John McCain ganhou por uma estreita margem em 2008 contra o atual presidente americano, Barack Obama.

Romney e seu número dois, Ryan, queriam se concentrar nesta semana no ataque a Obama por sua gestão da economia e do elevado déficit público. Porém, os comentários de Akin colocaram o aborto no centro do debate eleitoral enquanto as enquetes revelam a cada semana que as mulheres preferem Obama.

Tanto Romney como Ryan condenaram firmemente as declarações do congressista e, segundo a campanha republicana, um governo liderado pelos dois não se oporia ao aborto em casos de estupro.

No entanto, os democratas apressaram-se em lembrar que Ryan é um devoto católico contrário à interrupção da gravidez, exceto quando a vida da mãe corre perigo. De fato, em 2011, Ryan e outros republicanos co-patrocinaram um projeto de lei de Akin que pretendia fortalecer as proibições federais ao financiamento do aborto e instalar o conceito de "estupro forçado".

Enquanto isso, o comitê de plataforma do Partido Republicano reafirmou sua postura contrária ao aborto, sem especificar exceções como em caso de estupro, segundo a rede de televisão "CNN".

A plataforma, dirigida pelo governador da Virgínia, Bob McDonnell, "reivindica a santidade da vida humana e afirma que o feto tem o direito individual fundamental à vida", sem especificar nenhuma exceção como estupro ou incesto. O comitê tenta aprovar, além disso, uma emenda constitucional para proibir o aborto.

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