EUA anuncia que vai priorizar entregas de sistemas de defesa aérea Patriot para a Ucrânia
Encomendas de outros países terão que esperar, afirma a Casa Branca; Kiev tem cobrado aliados para intensificarem envios de armamentos
Agência de notícias
Publicado em 20 de junho de 2024 às 17h04.
Última atualização em 20 de junho de 2024 às 17h05.
O governo dos EUA confirmou nesta quinta-feira que vai priorizar as entregas de mísseis antiaéreos, em especial do sistema Patriot, para a Ucrânia , atendendo a um pedido de Kiev para que países aliados ajudassem a fortalecer seus sistemas de defesa. A decisão vem uma semana depois do presidente americano, Joe Biden, prometer enviar mais mísseis aos ucranianos, após anunciar um pacto de segurança firmado entre os dois países.
— O governo dos Estados Unidos tomou a decisão difícil, mas necessária, de redefinir a prioridade das entregas planejadas de curto prazo de vendas militares a outros países, particularmente os mísseis Patriot e NASAMS, para envio à Ucrânia — disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, aos repórteres, destacando que as entregas para Taiwan e Israel não serão afetadas. — Isso demonstra nosso compromisso com o apoio a nossos parceiros quando eles estão diante de um perigo existencial.
Há semanas, desde o início de uma ofensiva russa no Nordeste ucraniano, Kiev tem pressionado os aliados ocidentais, em especial os EUA, para que intensificassem os envios de sistemas de defesa aérea, como o Patriot. Apesar de Moscou declarar que não pretende ocupar a área, que inclui Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana, o Kremlin afirma que quer criar uma “zona sanitária”, teoricamente para impedir ataques contra o território russo — como parte da estratégia, a cidade e suas áreas próximas estão sob intensos ataques com artilharia e mísseis de curto e médio alcance.
Para o presidente Volodymyr Zelensky, os Patriot, aliados a outros sistemas, aumentariam a capacidade das forças ucranianas repelirem esses ataques e ampliarem as posições de defesa. Desde o início da nova ofensiva russa, que contou também com a queda no envio de ajuda militar, como um todo, para Kiev, áreas importantes no Leste do país foram ocupadas pelas forças invasoras, mas o ritmo de avanço parece ter diminuído, de acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra.
Na semana passada, quando anunciou, ao lado de Biden, um pacto militar de 10 anos entre os EUA e a Ucrânia, Zelensky cobrou novamente o aliado americano sobre o envio dos mísseis, e recebeu uma promessa concretizada nesta quinta.
— Nós recebemos o pedidos de baterias do Patriot e de outros sistemas de defesa aérea de cinco países, e queremos deixar claro para esses países que estão esperando esses sistemas no futuro que eles precisarão esperar — disse Biden, às margens da reunião de líderes do G7, na Itália, na quinta-feira passada. — Tudo que temos irá para a Ucrânia até que suas necessidades sejam atendidas. E só depois cumpriremos o que foi acertado com outros países.
No X, o antigo Twitter, o chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, agradeceu ao governo americano, e afirmou que “a mensagem de hoje é absolutamente clara: a nossa unidade e determinação são sólidas como uma rocha”:
“Depois de meses de trabalho árduo, não vamos parar por aqui. Haverá ainda mais sistemas e mísseis para defender a Ucrânia. O trabalho está em andamento”, escreveu Kuleba.
O chanceler ucraniano também agradeceu ao governo da Romênia, que anunciou na manhã desta quinta-feira a doação de um de seus sistemas Patriot a Kiev. Em comunicado, o Conselho Supremo de Defesa romeno, liderado pelo presidente, Klaus Iohannis, destacou a “deterioração contínua da situação de segurança” na região, e seus riscos para a Europa e para os países da Otan, aliança militar liderada pelos EUA e da qual a Romênia faz parte.
“A Romênia tem apoiado a Ucrânia desde o início do conflito, compreendendo a situação dramática especialmente na perspectiva de assegurar sistemas defensivos essenciais no combate à agressão desencadeada pela Federação Russa, que está a atingir áreas urbanas e as infra-estruturas críticas do país vizinho”, diz o texto.
Força militar
Hoje, a Ucrânia opera conjuntos do sistema Patriot, fornecidas pelos EUA e Alemanha, que prometeu enviar mais uma bateria em breve. A Holanda também disse que vai contribuir com um modelo, e a Itália se comprometeu a enviar mais uma bateria do sistema de defesa SAMP/T, uma alternativa europeia ao Patriot.
Em abril, Zelensky afirmou que para proteger a Ucrânia, ele precisa de 25 sistemas completos, cada um com “seis a oito” baterias cada — o Patriot consiste em um sistema de radar e lançadores móveis que podem interceptar projéteis e aeronaves inimigas, e é considerado extremamente eficaz no campo de batalha.
— Lidar com os baixos níveis de munição e falhas de cobertura na defesa aérea da Ucrânia é essencial para que o país defenda sua infraestrutura crítica, e não é menos importante do que estabilizar a linha de frente — disse ao Financial Times Michael Kofman, pesquisador no Fundo Carnegie pela Paz Internacional. — Os ataques russos debilitaram a capacidade de geração não nuclear de energia, e os drones russos são capazes de atingir posições ucranianas atrás das linhas de frente por causa da falta de cobertura de defesa aérea.