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EUA acusam Síria de usar armas químicas; Damasco nega

O dia foi marcado pelas divergências internacionais sobre o conflito na Síria, para o qual nenhuma solução parece próxima

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2013 às 17h17.

Damasco - O regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia, desmentiu nesta sexta-feira as acusações dos Estados Unidos sobre o uso de armas químicas, e denunciou a intenção americana de apoiar militarmente os rebeldes.

Pouco antes, Moscou saiu em defesa de seu aliado, ao considerar que as acusações americanas "não são convincentes" e que o aumento da ajuda aos rebeldes complica os esforços de paz.

O dia foi marcado pelas divergências internacionais sobre o conflito na Síria, para o qual nenhuma solução parece próxima, apesar da violência que já deixou, segundo a ONU, mais de 93.000 mortos desde março de 2011.

"A Casa Branca publicou um comunicado cheio de mentiras sobre o uso de armas químicas na Síria, baseando-se em informações manipuladas com as quais tentou jogar sobre o governo sírio a responsabilidade de tal utilização", afirma a Sana citando um funcionário das Relações Exteriores.

"Os grupos terroristas armados ativos na Síria (rebeldes) possuem armas químicas mortais e a tecnologia necessária para sua fabricação", insistiu.

O regime sírio já havia acusado em março os rebeldes de recorrerem a armas químicas na região de Aleppo (norte) e rejeitou uma investigação da ONU sobre esse armamento em todo o território sírio.


Os Estados Unidos acusaram na quinta-feira, pela primeira vez, o regime sírio de recorrer a armas químicas contra os rebeldes, a quem prometeram uma ajuda militar.

O presidente americano, Barack Obama, "disse claramente que o uso de armas químicas, ou a transferência de armas químicas a grupos terroristas, é uma linha vermelha pra os Estados Unidos", explicou o conselheiro-adjunto de segurança nacional, Ben Rhodes. "O presidente afirmou que o recurso a armas químicas muda sua equação, e este é o caso".

Segundo o governo americano, entre 100 e 150 pessoas, no mínimo, morreram em consequência de ataques com armas químicas.

Washington vinha se recusando a fornecer armas e a embaixadora americana na ONU, Susan Rice, ressaltou que uma eventual zona de exclusão aérea, exigida pela oposição para evitar os bombardeios do regime, apresenta "inconvenientes e limites", e que nenhuma decisão foi tomada a este respeito.

O presidente francês, François Hollande, considerou que a posição americana confirma a necessidade de "exercer pressão, incluindo no plano militar" sobre a Síria.

As opções militares são limitadas para os ocidentais, que não querem se envolver no conflito sírio. E é pouco provável que a Rússia e a China permitam que o Conselho de Segurança da ONU aprove uma zona de exclusão aérea.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse nesta sexta que armar qualquer uma das partes envolvidas no conflito sírio "não trará benefícios".


"A via militar leva diretamente a uma desintegração maior do país, à desestabilização da região e ao aumento das tensões religiosas e comunitárias", disse Ban aos jornalistas.

"É claro que entregar armas a qualquer uma das partes não resolverá a situação atual. Não existe uma solução militar", acrescentou.

Assim como a Otan e a União Europeia, Ban insistiu na necessidade de enviar uma missão da ONU de verificação à Síria.

Resposta do G8

"A decisão americana de armar os grupos terroristas prova (...) o envolvimento direto dos Estados Unidos no derramamento de sangue na Síria", insistiu o diplomata sírio citado pela Sana.

Em Londres, o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, disse que compartilha da posição americana sobre a utilização de armas químicas e anunciou que a cúpula do G8 (os sete países mais industrializados e a Rússia) de segunda e terça-feira em Ulster discutirá uma resposta "forte, determinada e coordenada" para esta crise.


À margem deste encontro, Putin e Obama vão se reunir para discutir a situação na Síria, segundo o Kremlin.

O assessor diplomático do mandatário russo, Iuri Uchakov, considerou que o aumento da ajuda aos rebeldes complica os esforços de paz, enquanto as duas potências tentam organizar uma conferência internacional.

Na Turquia, autoridades americanas, sauditas, francesas e britânicas se reuniram com o chefe do Estado-Maior do Exército Sírio Livre (ESL), Sélim Idriss, para discutir uma "aplicação prática" da ajuda à rebelião.

No terreno, o Exército tentou retomar o controle de bairros rebeldes de Homs e da periferia, onde intensos combates foram registrados, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, anunciou que o seu movimento permanecerá envolvido no conflito: "Antes de Qousseir, é como depois de Qousseir. Nada mudou", disse ele, referindo-se ao cidade síria reconquistada em 5 de junho pelo Exército com a ajuda de centenas de combatentes do movimento xiita libanês

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