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Estudantes de Hong Kong aceitam discutir reivindicações

Manifestantes aceitaram discutir suas reivindicações com o governo da ex-colônia britânica após seis dias de protestos

Manifestantes tentam bloquear avenida com cerca de metal em Hong Kong (Carlos Barria/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2014 às 22h50.

Hong Kong - A Federação dos Estudantes de Hong Kong aceitou na madrugada desta sexta-feira (data local) discutir suas reivindicações com o governo da ex-colônia britânica após seis dias de protestos que pedem mais democracia .

Em comunicado, os representantes estudantis indicaram que vão se encontrar publicamente com Carrie Lam, secretária-chefe da Administração honconguesa, poucas horas depois que o chefe do executivo, Cy Leung Chun-ying, tivesse garantido que não renunciaria ao cargo, como exigem os estudantes, mas apresentaria uma alternativa de diálogo.

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Apesar de concordarem com a reunião com Carrie, a federação reiterou que Leung deveria deixar o governo.

"Cy Leung perdeu toda sua integridade e traiu a confiança que as pessoas tinham nele. Não só negou ao povo uma autêntica reforma política, mas ordenou uma repressão violenta com gás lacrimogênio contra os manifestantes pacíficos", disseram os estudantes no comunicado.

"Agora, o centro do debate deve ser a reforma política", ressaltaram os líderes estudantis em resposta à oferta de negociação, além de alertarem que não encerrão os protestos até verem "um legítimo sufrágio universal (permitir que todos os indivíduos intelectualmente maduros tenham direito ao voto)".

Leung disse em entrevista coletiva na noite de ontem que havia nomeado a "número dois" do governo local, Carrie, para que dialogar com representantes dos estudantes e discutir uma reforma constitucional.

No entanto, afirmou que esse diálogo seria dentro dos parâmetros da reforma eleitoral aprovada pelas autoridades chinesas.

Suas declarações foram recebidas com uma mistura de rejeição e desconfiança por parte dos manifestantes. A federação se apressou para pedir que a conversa seja aberta à imprensa, algo aceito pelo governo na madrugada.

O anúncio de Leung ocorreu poucos minutos antes da meia-noite no horário local (13h de Brasília), quando se encerraria o prazo dado pelos estudantes para que o político abandonasse o cargo, sob a ameaça de que edifícios públicos fossem ocupados.

Mas o chefe executivo de Hong Kong não pensa em ceder às exigências dos manifestantes.

Enquanto isso, nos arredores da sede do governo, centenas de cidadãos recebiam com vaias as declarações de Leung. Alguns o acusavam de "ganhar tempo e não tomar decisões". Outros, mais revoltados, mencionaram bloquear vias e estradas, mas foram contidos pela maioria com o argumento de que esse era o objetivo das autoridades.

A aparição de Leung, acompanhado de Carrie, ocorreu no final do quinto dia de protestos em Hong Kong. Os estudantes exigem uma eleição realmente democrática do próximo chefe executivo da cidade, em 2017, e ameaçam bloquear o centro administrativo e financeiro da ex-colônia britânica.

O discurso da figura política mais importante de Hong Kong aliviou boa parte da tensão acumulada nas últimas horas com o ultimato dos estudantes. As autoridades tinham advertido que possíveis atos violentos resultariam em "sérias consequências", e seriam respondidos com medidas "firmes" e o uso "apropriado" da força, se necessário.

O movimento "Occupy Central", um dos protagonistas do movimento junto à Federação dos Estudantes, ressaltou que as declarações de Leung permitiram às duas partes "dar um passo para trás" e reduzir a tensão, mesmo que a atual crise siga sem solução.

Os protestos, pacíficos e ordenados, puseram a reforma política de Hong Kong no centro das atenções mundiais, o que visivelmente incomodou o governo chinês.

Leung, de 60 anos e no cargo desde julho de 2012, é figura política pouco apreciada em Hong Kong, já que, segundo vários analistas, é visto pela população como simples comparsa interesses de Pequim.

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