Estudantes contrários a Chávez fazem greve de fome
Universitários querem que presidente Dilma intervenha para que uma comissão da OEA investigue violações dos direitos humanos no país
Da Redação
Publicado em 22 de fevereiro de 2011 às 09h38.
Brasília – Em protesto contra o governo do presidente Hugo Chávez, universitários da Venezuela querem que a presidente Dilma Rousseff intervenha para que o governo venezuelano receba uma comissão da Organização dos Estados Americanos (OEA) a fim de investigar supostas violações de direitos humanos no país. Os cinco estudantes que fazem a campanha estão acampados há quatro dias em frente à Embaixada do Brasil, em Caracas.
"Vamos estar aqui até cumprir nosso objetivo", afirmou o estudante Gabriel Bastidas, de 20 anos."Queremos fazer pressão porque sabemos a importância que o Brasil tem na região."
De acordo com organizações estudantis de oposição, 83 estudantes participam do protesto que ocorre em oito estados do país. O principal foco de concentração dos grevistas em Caracas é a sede da OEA, onde universitários afirmam estar há 21 dias sem comer, e a embaixada brasileira.
Os estudantes exigem que o governo permita a entrada no país da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA e a libertação de 27 pessoas, consideradas prisioneiros políticos pela oposição.
O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, disse que os problemas do país devem ser resolvidos internamente, rejeitando a intervenção da OEA. "O governo conta com todas as ferramentas para dar respostas a essas situações com diálogo e entendimento", afirmou Maduro. "O que não se pode pretender é que se liberte pessoas que cometeram crimes", acrescentou.
Entre os grupo dos considerados presos políticos estão policiais acusados pelo Ministério Público de serem autores de assassinatos que ocorreram durante o golpe de Estado de abril de 2002. Também aparecem três deputados opositores, entre eles um que é acusado de assassinato e de manter vínculos com paramilitares.
A greve estudantil gerou novo mal-estar entre Washington e Caracas. O porta-voz do Departamento de Estado americano, Mark C. Toner, afirmou que os Estados Unidos estão preocupados com a saúde dos jovens e pediu que o governo aceite a visita da OEA. Nicolás Maduro voltou a acusar o governo norte-americano de ingerência e de pretender criar um "Egito virtual" na Venezuela.