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Esquema de João Santana envolveu Venezuela, Panamá e El Salvador

O caso internacional mais espetacular envolve a Venezuela, onde a mulher de Santana diz ter recebido mais de US$10 mi das mãos de Nicolás Maduro

João Santana: o ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli também está entre os citados pelo casal de marqueteiros (Rodolfo Buhrer/Reuters)
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AFP

Publicado em 12 de maio de 2017 às 21h49.

Os marqueteiros João Santana e Mônica Moura, presos na operação Lava Jato , confessaram ter recebido milhões de dólares de dinheiro procedente de corrupção para atuar em campanhas políticas não apenas no Brasil, mas também na Venezuela, Panamá e El Salvador.

O caso internacional mais espetacular envolve a Venezuela, onde Mônica Moura, casada com João Santana, diz ter recebido mais de 10 milhões de dólares em malas cheias de dinheiro das mãos de Nicolás Maduro, então chanceler e hoje presidente venezuelano.

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O casal de marqueteiros atuou na campanha para a reeleição do finado presidente Hugo Chávez, em 2012.

"O Maduro me pagava quase semanalmente na própria chancelaria, me entregava o dinheiro, as vezes no Palácio de Miraflores", revelou Mônica Moura em sua delação premiada, segundo vídeos publicados nesta sexta-feira por autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).

Marqueteira das campanhas de Lula da Silva e Dilma Rousseff, Mônica Moura disse que recebeu de Maduro 800 mil dólares em apenas um dia, e que para sua segurança foi disponibilizado um carro blindado.

"Parecia um roqueiro americano, um cantor de funk".

Segundo Mônica Moura, todo o dinheiro para a campanha de Chávez foi pago via 'caixa 2' e as empreiteiras brasileiras Odebrecht e Andrade Gutiérrez contribuíram com 7 milhões e 2 milhões de dólares, respectivamente, para a eleição de Chávez, que acabou derrotando o candidato opositor Henrique Capriles.

A publicitária explicou que a fama do casal de marqueteiros na América Latina começou com a campanha para o candidato de esquerda Mauricio Funes, em 2009, em El Salvador, "um país no fim do mundo, com guerra, terremotos e que não tinha dinheiro" para pagar pelo serviço.

Segundo Mônica Moura, como ocorreu em outras ocasiões, Lula incentivou o casal a ajudar os colegas na região e os três milhões de dólares cobrados pela campanha em El Salvador foram pagos pela Odebretch com a intermediação do ex-ministro Antônio Palocci.

O ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli - que vive em Miami e é procurado pela Justiça panamenha - também está entre os citados pelo casal de marqueteiros.

Martinelli teria insistido com o casal para que fizesse a campanha de seu sucessor, e chegou a entregar 500 mil dólares na mão de Mônica Moura para "despesas" no Panamá.

João Santana e Mônica Moura foram condenados em fevereiro passado a oito anos de prisão por lavagem de dinheiro. Os dois fizeram acordo de delação premiada em troca da redução das penas.

Segundo o casal, Lula e Dilma sabiam do financiamento ilegal das campanhas eleitorais do Partido de Trabalhadores (PT).

Os advogados de Lula qualificaram as declarações de "mentirosas".

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