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Especialista em terrorismo afirma "o pior na Europa está por vir"

Enquanto no Oriente Médio "ocorrem ataques brutais diários", na Europa, o controle de fronteiras e a pressão policial dificulta a realização de atentados

Ataques terroristas: objetivo do EI é criar uma falha sistemática e fazer com que sua população "se fascine com a narrativa terrorista" (Phil Noble/Reuters)
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EFE

Publicado em 21 de junho de 2017 às 10h57.

Madri - A onda de atentados na Europa mostra a capacidade de "comunicação, sedução e sugestão" do Estado Islâmico (EI), e, ainda que o grupo seja derrotado, o pior na Europa está por vir", disse em entrevista à Agência Efe o pesquisador Javier Lesaca.

Após três anos de análises das propagandas e das comunicações do EI, o pesquisador visitante da Universidade George Washington publicou o livro "Armas de sedução em massa. A fábrica audiovisual do Estado Islâmico para fascinar a geração do milênio".

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Com o uso das novas tecnologias e a mudança nas formas de atuação do terrorismo, o objetivo do EI é criar uma falha sistemática e fazer com que sua população "se fascine com a narrativa terrorista". Até agora foram produzidos mais de 1,3 mil vídeos e criadas agências de comunicação com estruturas ao estilo ocidental.

Em 26 de novembro de 2016, o Estado Islâmico lançou uma campanha específica, na qual explicava de forma explícita como fabricar bombas caseiras, "exatamente igual a utilizada no recente atentado em Manchester", e na qual pedia aos seus seguidores que começassem a cometer atentados em seus locais de origem.

Esta campanha de comunicação está sendo seguida ao pé da letra pelos cidadãos com passaporte europeu e "agora estamos sofrendo as consequências", explicou.

Os destinatários da comunicação do EI são jovens de entre 15 e 25 anos de todos os países, cujo ponto em comum é a frustração e a percepção de estarem marginalizados socialmente, sendo assim o EI "apela ao sentimentalismo e utiliza plataformas, hashtags e referências culturais que lhes são familiares", comentou.

A radicalização, acrescenta, "é um fenômeno muito complexo" que, junto à ausência de uma estrutura fixa do EI, faz com que este movimento jihadista seja muito mais resistente a qualquer operação militar ou policial, porque se requeridas evidências científicas e soluções multidisciplinares para enfrentar o EI.

Segundo dados das Nações Unidas, nos últimos três anos, 35 mil jovens de cem países viajaram para o Iraque e Síria para fazer parte do EI. "Isto nem a Al Qaeda conseguiu fazer", acrescentou Lesaca.

Enquanto no Oriente Médio "ocorrem ataques brutais diários", na Europa, o controle de fronteiras e a pressão policial dificulta a realização de atentados.

"O fato de o EI tenha surgido em dois dos países mais corruptos do mundo, Síria e Iraque, não é casual", aponta, ao considerar que a corrupção é um fator fundamental que os estados devem levar em conta para "evitar a proliferação de mensagens violentas e extremistas".

Na luta contra o terrorismo, que se torna difícil "enquanto os seus vídeos seguem disponíveis na internet", é preciso buscar a colaboração de grandes empresas tecnológicas, de comunicação e do âmbito do entretenimento, já que "são as indústrias mais credíveis e as que chegam com mais eficácia aos jovens", explicou Lesaca.

Concretamente, aponta a conveniência de campanhas que resistam ao efeito das mensagens violentas.

A crise de legitimidade e credibilidade nas instituições, a crise dos meios de comunicação tradicional, o empoderamento dos cidadãos e o uso das redes sociais está gerando um contexto no qual grupos extremistas "têm mais capacidade do que nunca para seduzir seus alvos", disse.

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