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No atual ritmo de emissões de gases de efeito de estufa o mundo caminha para um aumento da temperatura média entre 2,5ºC e 2,9ºC neste século (Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 20 de novembro de 2023 às 11h49.
Última atualização em 21 de novembro de 2023 às 06h50.
Ao ritmo atual de emissões de gases de efeito de estufa, o mundo caminha para um aumento da temperatura média entre 2,5ºC e 2,9ºC neste século, quase o dobro da meta ideal, alertou a ONU nesta segunda-feira, 20.
De acordo com o relatório anual sobre as emissões de gases de efeito de estufa, as nações do G20 devem acelerar imperativamente a sua transição energética e aumentar os seus cortes nas emissões.
A temperatura média do planeta já está 1,2ºC acima da era pré-industrial, explicou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em seu relatório.
Publicado pouco antes de uma nova conferência sobre a mudança climática (COP28, de 30 de novembro a 12 de dezembro), o texto é um novo grito de alerta.
Este ano deverá ser o mais quente já registrado e o relatório salienta que "o mundo está testemunhando uma aceleração perturbadora no número, velocidade e escala dos recordes climáticos quebrados".
O relatório anual observa que, para reduzir as emissões rápido o suficiente para evitar impactos catastróficos, "são necessários esforços ambiciosos e urgentes de todos os países para reduzir o uso de combustíveis fósseis e o desmatamento".
A diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen, instou as nações do G20, responsáveis por cerca de 80% das emissões, a liderarem as reduções globais de emissões. Algumas, alertou ela, estão em "modo pausa".
"É absolutamente crítico que o G20 intensifique os seus esforços", disse à AFP.
O relatório do PNUMA examina a diferença entre as emissões que ainda serão enviadas para a atmosfera de acordo com os planos de descarbonização dos países, e o que a ciência diz ser necessário para cumprir as metas do Acordo de Paris.
Neste acordo, de 2015, os países concordaram em limitar o aquecimento global "muito abaixo" de +2ºC e, se possível, a +1,5ºC.
Até 2030, as emissões globais deverão ser 28% inferiores ao que as políticas atuais sugerem para permanecer abaixo dos 2ºC, e 42% inferiores para o limite mais ambicioso de +1,5ºC.
"Temos muito trabalho a fazer porque neste momento não estamos onde deveríamos estar", disse Andersen.
Segundo o Acordo de Paris, os países devem apresentar planos de redução de emissões cada vez mais amplos, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas, ou NDC.
O PNUMA estima que a plena implementação das NDC até 2030, sem levar em conta o apoio externo, daria 66% de probabilidade de que a temperatura média da Terra aumente 2,9ºC até 2100.
Se as promessas de redução de emissões não forem consideradas, o mundo caminhará inevitavelmente para mais de +3ºC.
Os cientistas alertam que o aquecimento a estes níveis poderá tornar vastas regiões do planeta praticamente inabitáveis para os seres humanos e causar pontos de ruptura irreversíveis na terra e nos oceanos.
Os NDC "condicionais", que dependem de financiamento internacional, provavelmente reduziriam o aumento para +2,5°C ao longo deste século, afirma o relatório.
O PNUMA afirma que se todas as NDC condicionais e as promessas de emissões líquidas zero de longo prazo forem totalmente cumpridas, ainda seria possível limitar o aumento da temperatura a 2°C.
Mas alertou que estes compromissos de emissões líquidas zero não são atualmente considerados confiáveis porque nenhum dos países mais poluentes do G20 reduziu as emissões de acordo com os seus próprios objetivos.
Mesmo no cenário mais otimista, a possibilidade de limitar o aumento da temperatura a +1,5ºC é agora de apenas 14%.
A Organização Meteorológica Mundial acaba de constatar que os níveis dos três principais gases de efeito de estufa - dióxido de carbono, metano e óxido nitroso - bateram recordes no ano passado.
O PNUMA recomenda NDC mais ambiciosas e, para isso, elas devem ser atualizadas até 2025.
Andersen se considera otimista com a COP28, apesar das divisões causadas pela invasão russa da Ucrânia e pela guerra entre Israel e o Hamas.
"Os países e as delegações compreendem que, independentemente das divisões profundas que existem e são inegáveis, o meio ambiente não espera e o clima certamente não o fará", disse.
"Não podemos apertar o botão de pausa", alertou.