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Escócia rejeita independência e permanece no Reino Unido

No total, 55,3% dos escoceses votaram contra a independência

Partidários da permanência da Escócia no Reino Unido comemoram a vitória do 'não' no referendo em Glasgow
 (Andy Buchanan/AFP)

Partidários da permanência da Escócia no Reino Unido comemoram a vitória do 'não' no referendo em Glasgow (Andy Buchanan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2014 às 06h28.

Edimburgo - A Escócia rejeitou a independência no referendo de quinta-feira, segundo os resultados definitivos divulgados nesta sexta-feira, e optou por permanecer no Reino Unido após a promessa de Londres de conceder mais poderes ao governo regional.

As autoridades europeias não esconderam o alívio com o resultado, que também alivia um pouco a pressão do governo espanhol, contrário a uma consulta sobre a independência da Catalunha.

No total, 55,3% dos escoceses votaram contra a independência do Reino Unido e 44,70% a favor, segundo a apuração final.

O "não" recebeu quase 400.000 votos a mais - 2.001.926 de votos contra 1.617.989 -, em um referendo que teve uma taxa de participação recorde de 84,59% dos 4,3 milhões de eleitores registrados.

"Estou decepcionado, mas as coisas continuarão como estavam. Não vai mudar a minha vida", disse à AFP Danny Trench, de 23 anos, a caminho do trabalho em Edimburgo.

A diferença foi maior do que apontavam as pesquisas, o que confirma a tese da "maioria silenciosa" contra a independência que era citada pelos unionistas ante o fervor da campanha independentista.

"Chegou o momento para nosso Reino Unido unir-se e seguir adiante", disse o primeiro-ministro britânico conservador, David Cameron, em um discurso à nação diante da residência oficial de Downing Street.

"O debate ficou resolvido por uma geração e, talvez, como disse Alex Salmond, por toda uma vida", completou.

"O povo escocês falou e sua decisão é clara", afirmou o líder conservador.

"Decidiu manter a integridade de nossas quatro nações (Escócia, Gales, Irlanda do Norte e Inglaterra) e, assim como milhões de pessoas, estou feliz por isto", celebrou Cameron.

Cameron defendeu a decisão de conceder à Escócia a possibilidade do referendo porque o Partido Nacional Escocês venceu as eleições de 2011 com maioria absoluta e tinha a independência em seu programa.

"Amo o Reino Unido, mas também a democracia", disse Cameron.

Alguns minutos antes, Alex Salmond, chefe do Governo regional, líder dos independentistas e do partido SNP, reconheceu a derrota.

"É importante dizer que nosso referendo foi um processo acordado e consensual, e a Escócia decidiu por maioria que neste momento não será um país independente", afirmou Salmond em Edimburgo.

"Aceito o veredicto das urnas e peço a toda a Escócia que faça o mesmo e aceite o veredicto democrático do povo", completou, emocionado, o homem para quem o referendo de independência representava o combate de toda uma vida e que liderou uma campanha apaixonada a favor do 'sim' nos últimos meses.

Onipresente nas ruas, na imprensa, nos comícios e nas redes sociais, Salmond, de 59 anos, lutou até o último momento para tentar obter a vitória do 'sim' à independência.

Os independentistas esperavam uma ampla vitória em Glasgow, a cidade escocesa de maior população, onde o 'sim' triunfou, mas apenas por 54,5% contra 46,5%.

O debate sobre o fim ou não de 307 anos de história comum provocou paixões.

O temor do impacto econômico da separação, alimentado pela transferência a Londres da sede social de bancos como o Royal Bank of Scotland às vésperas do referendo ou a possibilidade de não poder utilizar a libra, acabou freando a opção pela independência.

"Não acredito que os escoceses querem estar no Reino Unido, mas tiveram medo de coisas como a mudança da moeda. E não os culpo. Sou brasileira e mudar de moeda é horrível, você tem uma quantidade de dinheiro e no dia seguinte tem outra", disse Andreia Rodrigues, de 38 anos, funcionária em uma cafeteria.

Começa a contagem regressiva

Na véspera do referendo, Cameron, seu aliado governamental liberal-democrata Nick Clegg e o líder da oposição trabalhista Ed Miliband se comprometeram por escrito a iniciar o processo de ampliação de poderes já nesta sexta-feira.

"Vamos honrar este compromisso", disse Cameron nesta sexta-feira, que anunciou que qualquer "novo tratamento e justo para a Escócia" será ampliado para a Irlanda do Norte e Gales, os outros integrantes do Reino Unido com a Inglaterra.

Cameron disse que também estudará uma maneira da Inglaterra entrar no processo de descentralização.

Salmond recordou os compromissos dos três grandes partidos da Inglaterra, que prometeram mais poderes ao Parlamento regional escocês, especialmente na área fiscal, caso a Escócia votasse contra a independência.

"Os partidos unionistas se comprometeram no final da campanha a dar mais poderes à Escócia. E a Escócia espera que estes compromissos sejam cumpridos rapidamente", declarou Salmond, que, apesar de não ter conquistado a independência para a região, conseguirá uma autonomia reforçada.

A vitória da independência teria representado uma grande pressão para o governo espanhol de Mariano Rajoy, ante as intenções da Catalunha de celebrar uma consulta separatista em 9 de novembro.

O Parlamento autônomo da Catalunha pretende aprovar uma lei que abre o caminho para a consulta, considerada ilegal pelo governo central.

Ao mesmo tempo, a Europa respira aliviada com o resultado na Escócia, que poderia provocar um contágio a outras regiões do bloco.

"Confesso que o resultado me alivia", disse o presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz.

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