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Erdogan enfrenta pressão por pedido de desculpas

Polícia voltou a entrar em confronto com manifestantes durante a noite antes de o primeiro-ministro retornar de uma visita ao norte da África

Pessoas em uma manifestação na praça Taksim, no centro de Istambul: três pessoas foram mortas e mais de 4.000 ficaram feridas em 6 dias de protestos (Protestos)

Pessoas em uma manifestação na praça Taksim, no centro de Istambul: três pessoas foram mortas e mais de 4.000 ficaram feridas em 6 dias de protestos (Protestos)

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Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2013 às 11h21.

Istambul/Ancara - A polícia turca voltou a entrar em confronto com manifestantes durante a noite antes de o primeiro-ministro Tayyip Erdogan retornar de uma visita ao norte da África, nesta quinta-feira, para uma nação abalada por uma semana de protestos contra ele.

Erdogan enfrentará a exigência dos manifestantes de que ele peça desculpas pela repressão policial durante seis dias de protestos, quando três pessoas foram mortas e mais de 4.000 ficaram feridas em mais de dez cidades, e que demita quem ordenou o uso da força.

A polícia de choque usou gás lacrimogêneo na quarta-feira à noite contra centenas de manifestantes que atiravam pedras e gritavam slogans contra Erdogan, no centro da capital, Ancara, disseram testemunhas.

Na província de Tunceli, várias centenas de manifestantes armaram uma barricada de rua e também apedrejaram policiais, que responderam com canhões de água. Istambul, onde os confrontos têm sido mais pesados, teve uma noite tranquila.

O que começou como uma manifestação contra um projeto para construir edificações em um parque de Istambul se transformou em uma inédita demonstração de protesto contra Erdogan, considerado autoritário, e seu partido, o AK, de raízes islâmicas.

A polícia, apoiada por veículos blindados, tem entrado em choque com os manifestantes todas as noites, enquanto milhares de pessoas se concentram pacificamente nos últimos dias na praça Taksim, em Istambul, onde os protestos começaram.

Um policial que caiu de uma ponte no sul da cidade de Adana, enquanto perseguia manifestantes, morreu em consequência dos ferimentos, informaram emissoras de TV turcas. É a terceira morte nos protestos.

O primeiro-ministro deu declarações na segunda-feira num tom de descaso para com os manifestantes, que classificou como saqueadores, e disse que a agitação acabaria em questão de dias -- comentários que, segundo seus críticos, acirraram ainda mais os ânimos.


O vice-presidente do partido AK, Huseyin Celik, pediu aos correligionários que não se dirijam ao aeroporto para receber Erdogan, para evitar tumultos. Antes de voltar para a Turquia, Erdogan disse em entrevista na Tunísia que o governo vai seguir adiante com os planos de reformar o parque em Istambul.

Estrangeiros detidos

Na praça Taksim, os manifestantes permaneciam dispostos a prosseguir com seu movimento. "Nós temos a força do momento, com pessoas como eu indo para o trabalho todos os dias e voltando para participar dos protestos", disse o engenheiro civil Cetin, de 29 anos, que não quis dar seu sobrenome, porque trabalha em uma empresa ligada ao governo.

"Devemos continuar vindo aqui para protestar até que realmente sintamos que conseguimos alguma coisa", disse ele, um dos milhares de pessoas reunidas no local até tarde da noite.

A imprensa turca informou que 11 estrangeiros foram presos acusados de provocar distúrbios, incluindo norte-americanos, britânicos e iranianos, alguns deles estudantes. Centenas de pessoas foram detidas nos últimos dias, muitas delas liberadas pouco depois.

O vice-premiê Bulent Arinc, na chefia do governo enquanto Erdogan está no exterior, adotou um tom mais conciliador, pedindo desculpas pela repressão policial inicial contra ativistas pacíficos da praça Taksim, e recebeu uma delegação de manifestantes em seu gabinete em Ancara.

"Exigimos o afastamento do cargo de quem deu a ordem para o uso da força... começando com os governadores e chefes de polícia de Istambul, Ancara e Hatay", disse um porta-voz da delegação a jornalistas, referindo-se às áreas mais afetadas pela violência.

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