Entenda por que, 50 anos depois, ataques fazem mundo recordar Guerra do Yom Kippur
Evento mais traumático da história israelense volta à memória com invasão do Hamas meio século após os ataques em 1973 da coalização árabe, mas há diferenças centrais, como o fato de o grupo que hoje controla a Faixa de Gaza não ser reconhecido por atores importantes, como os EUA
Agência de notícias
Publicado em 7 de outubro de 2023 às 14h59.
Há exatos 50 anos, no dia 6 de outubro de 1973, durante o feriado judaico do Yom Kippur (Dia do Perdão), o mais sagrado do calendário judeu, uma coalizão de países árabes, liderados por Egito e Síria, atacou forças israelenses na região do Deserto do Sinai e nas Colinas de Golã, territórios anexados à força por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Esse conflito teve como principal consequência a Crise do Petróleo, que ultrapassou a região e causou estragos no mundo, inclusive no Brasil. O ataque liderado pelo Hamas neste sábado é o maior contra Israel desde então. De maneira inédita, militantes do Hamas atravessaram a fronteira a partir da Faixa de Gaza, inclusive com terroristas fazendo famílias reféns, no sul de Israel.
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Nos últimos dias, os canais de televisão e jornais israelenses contaram com diversas reportagens em comemoração aos 50 anos da vitória na Guerra do Yom Kippur. Em 6 de outubro de 1973, o chefe da inteligência militar de Israel, general Eli Zeira, convocou os principais jornalistas que cobriam assuntos militares para um comunicado urgente, informando que a guerra iria começar no pôr do sol, por volta das 18h.
"Quarenta minutos depois, ele recebeu um papel e disse: ‘Senhores, a guerra começou’, e saiu da sala", disse Nachman Shai, que era correspondente de temas militares de um canal da TV pública israelense.
O ataque coordenado pelo Egito e pela Síria — que estavam determinados a recuperar territórios estratégicos e o orgulho perdido para Israel na guerra de 1967 — traumatizou os israelenses. Os territórios atacados, além da Península do Sinai e das Colinas do Golan, foram uma parte do Canal de Suez, a Faixa de Gaza, e a Cisjordânia. Por meses, seus líderes entenderam errado os sinais e acreditaram que os inimigos do país não estavam prontos para atacar, uma falha na área de Inteligência de Israel que também é um paralelo com os ataques-surpresa deste sábado, meio século depois.
O confronto entre Israel e Palestina é o mais duradouro conflito do planeta. Na Guerra do Yom Kippur, tropas do Egito cruzaram o Canal de Suez, passando a controlar a maior parte da margem leste, depois de duros combates com as tropas israelenses. O conflito também ficou conhecido como Guerra Árabe-Israelense de 1973, Guerra de Outubro, Guerra do Ramadã ou ainda Quarta Guerra Árabe-Israelense. O cessar-fogo, intermediado pela ONU, só foi assinado no dia 26 de outubro do mesmo ano, com a vitória de Israel, que contou com auxílio ocidental, principalmente dos Estados Unidos.
Apesar das semelhanças com os ataques de 50 anos atrás, os Acordos de Paz de 1973 foram conduzidos pelos Estados Unidos e pela União Soviética e todos os envolvidos à época eram nações. O Hamas é um grupo que comanda Gaza mas não é reconhecido por atores importantes, como os EUA, que o consideram um grupo terrorista.