Eleições Venezuela: oposição denuncia prisão de advogado de María Corina Machado
Perkins Rocha foi detido, de acordo com a mulher dele, no final da manhã desta terça-feira, e amplia a lista de opositores detidos desde a eleição presidencial do mês passado
Agência de notícias
Publicado em 28 de agosto de 2024 às 07h55.
Última atualização em 28 de agosto de 2024 às 07h59.
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, afirmou que seu advogado foi preso nesta terça-feira, 27, quase um mês depois da eleição cujos resultados oficiais, que deram vitória ao presidente, Nicolás Maduro , não foram aceitos pelos opositores, por boa parte da comunidade internacional e levaram a uma onda de protestos.
“O regime de Nicolás Maduro sequestrou meu amigo e companheiro de causa, Perkins Rocha”, escreveu María Corina no X. “Perkins é nosso advogado pessoal, nosso Coordenador Jurídico e representante do Vem Venezuela no CNE (Conselho Nacional Eleitoral).”
De acordo com oVem Venezuela, Perkins foi levado “à força” por “indivíduos não identificados” em Caracas, e a mulher dele, Maria Constanza, afirma que ele está desaparecido desde as 11 da manhã desta terça.
“Meu marido não é um criminoso, é apenas um cidadão que deseja e luta para que todos vivamos em liberdade ", afirmou Constanza, em publicação no X. Não há informações sobre seu paradeiro.
Além de representante do partido de María Corina Machado no CNE, e de servir como advogado da opositora, Perkins Rocha também defendia outros integrantes da sigla que foram presos e enfrenta, processos na justiça. No domingo, o Vem Venezuela denunciou que um dos integrantes do comando da sigla no estado de Miranda, Luis Istúriz, foi preso ao lado de sua esposa, Andriuska Sánchez.
Segundo o jornal Tal Cual, 45 ativistas e políticos de oposição foram presos desde a eleição presidencial do dia 28 de julho, que desencadeou protestos contra os resultados e elevou o grau de repressão do governo de Maduro. Ao todo, 27 pessoas morreram, quase 200 ficaram feridas e mais de 2.400 foram detidas, a quem Maduro chama de "terroristas".
"Pretendem nos dobrar, nos desviar e nos aterrorizar. Nós continuamos em frente, por Perkins, por todos os presos e perseguidos, e por toda a Venezuela ", acrescentou a líder opositora no X, que convocou novas manifestações para esta quarta-feira.
A oposição acusa as autoridades eleitorais de validarem a vitória de Maduro mesmo sem a apresentação das atas de votações das seções, que, segundo María Corina e aliados, confirmariam que o vencedor foi o ex-diplomata Edmundo González. Diante do impasse, vários paises rejeitaram os resultados, e outros, incluindoBrasileColômbia, exigem que Caracas apresente os documentos das seções, o que Maduro não parece disposto a fazer.
Nesta terça-feira, a principal coalizão opositora da Venezuela acusou o Judiciário de perseguição contra Edmundo González, citando a abertura de uma investigação por supostas “usurpação de funções” e “falsificação de documento público”, crimes que poderiam levar a uma pena máxima de 30 anos de prisão. González, que está escondido, não cumpriu duas intimações para prestar depoimento, feitas pelo Ministério Público. Ele considera que se trata de "uma intimação sem garantias de independência e devido processo", e acusou o procurador-geral, Tarek William Saab, de ser um "acusador político".
Em um sinal de que pode aumentar a repressão nas ruas, o governo anunciou que Diosdado Cabello, número dois do chavismo, será o novo ministro do Interior, como parte de uma ampla reforma ministerial anunciada nesta terça-feira. Ex-presidente da Assembleia Nacional e alvo de sanções internacionais, Cabello volta ao cargo depois de 22 anos, e terá sob seu poder o aparato de segurança do país. Em julho, dias depois da eleição presidencial, o agora ministro disse que “daria a lição das lições” aos oposicionistas, e que “eles seriam todos pegos”.
"Serão acusados perante as autoridades competentes pelos crimes mais graves, e não haverá benefícios para ninguém", disse Cabello, no dia 30 de julho.